- Nº 2246 (2016/12/15)
Greve geral na Grécia
contra medidas antipopulares

Credores apertam garrote

Europa

Os trabalhadores dos diferentes sectores cumpriram, dia 8, uma greve geral na Grécia, em protesto contra novas medidas de austeridade e ataque aos direitos laborais.

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Convocada pelas principais centrais sindicais dos sectores público e privado, a terceira greve geral realizada este ano na Grécia ficou marcada por grandes manifestações na capital, Atenas, e nos principais centros urbanos do país.

Os protestos são dirigidos contra um novo pacote de austeridade, que inclui mais aumentos de impostos e cortes sociais.

De acordo com a AFP, o Orçamento do Estado (OE) para o próximo ano, votado no fim-de-semana, prevê um agravamento de impostos no montante de 1,07 mil milhões de euros, incidindo sobre os mais variados bens e serviços, desde o automóvel, comunicações telefónicas, televisão paga, combustíveis, tabaco, café ou cerveja.

Em paralelo, o governo irá diminuir a despesa pública em 5,7 mil milhões de euros.

Por outro lado, o OE prevê um encaixe de mais dois mil milhões de euros com privatizações, designadamente com a venda de aeroportos regionais.

Os sindicatos repudiam igualmente o ataque aos direitos laborais que está a ser preparado pelo governo de Alexis Tsipras, juntamente com o Fundo Monetário Internacional e a Comissão Europeia.

Pressões inaceitáveis

Numa alocução televisiva no dia da greve, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anunciou a reposição do 13.º mês para os 1,6 milhões de pensionistas que auferem menos de 850 euros mensais.

Além deste gesto benigno, o governante anunciou também que, «enquanto durar a crise dos refugiados», será adiado o aumento do IVA, já acordado com os credores, nas ilhas do Egeu Oriental. Tais medidas terão um custo de 617 milhões de euros, estimou Tsipras.

Entretanto, o governo grego, cuja popularidade está em queda, tem reiterado a sua oposição às exigências da troika em matéria laboral, particularmente no que se refere à facilitação dos despedimentos, restrição do direito à greve e bloqueamento da contratação colectiva, que está suspensa desde 2012.

O ministro das Finanças, Euclides Tsakalotos, garantiu, dia 7, que o governo não ultrapassará as «sua linhas vermelhas» no domínio laboral.

Desde 2009, os trabalhadores gregos perderam mais de um terço dos seus rendimentos. Em Setembro último, a taxa de desemprego mantinha-se em 23,4 por cento.

O Orçamento do Estado prevê um crescimento da economia de 2,7 por cento em 2017 e um excedente primário das contas públicas (sem o serviço da dívida) de dois por cento do Produto Interno Bruto.