IRLANDA DO NORTE O partido Sinn Féin retirou a maioria aos unionistas nas eleições legislativas antecipadas realizadas, dia 2, no território controlado pelo Reino Unido.
Num sufrágio que se destacou por uma participação de 64,8 por cento dos inscritos, a mais elevada desde 1998, os republicanos do Sin Féin obtiveram 27,9 por cento dos votos (mais quatro pontos percentuais do que no anterior escrutínio), ficando a escassos mil votos do DUP (pró-britânico), partido que continuou a ser o mais votado com 28,6 por cento.
Porém, esta vitória tangencial representou de facto uma derrota para o DUP (Partido Democrático Unionista), já que ficou abaixo dos 30 deputados, conquistando apenas 28 assentos parlamentares, contra 27 do Sinn Féin, e perdendo assim o direito de veto que até aqui garantia a prevalência dos unionistas na assembleia de Stormont.
Num hemiciclo que agora reduzido a 90 deputados (na anterior legislatura tinha 108), a terceira força é o Partido Social-Democrata e Trabalhista (SDLP) com 12 deputados, seguindo-se o Partido Unionista do Ulster (UUP), com dez, a Aliança (multiconfessional), com oito, e independentes com cinco eleitos.
Desde os acordos de paz de 1998 que ficou prevista a partilha do poder entre os dois partidos mais votados. O vencedor acede ao cargo de primeiro-ministro e o segundo ao de vice-primeiro-ministro.
Mas na nova correlação de forças, em que os unionistas protestantes estão em clara minoria, o Sinn Féin exclui a hipótese de formar governo com a primeira-ministra cessante Arlene Foster.
Foster está no centro de um escândalo de subvenções públicas a energias renováveis que terá custado ao erário público cerca de 500 milhões de libras. Foi em protesto contra a actuação dos membros unionistas no governo que o líder do Sinn Féin e vice-primeiro ministro, Martin McGuinness, apresentou a sua demissão em 9 de Janeiro, provocando assim a queda do executivo e a convocação de eleições antecipadas.
Michelle O'Neill, sucessora de McGuinness que entretanto se retirou por motivos de doença, congratulou-se com o resultado, que interpretou como a vontade do eleitorado de consolidar a «igualdade» e a «democracia». «Não queremos voltar à ordem estabelecida no passado.
Por seu turno, Gerry Adams, presidente do Sinn Féin, declarou trata-se de «um voto pela unidade da Irlanda, um voto pela nossa unidade como povo. Não precisamos dos ingleses para nos governar».