Direitos humanos
«O Banco Mundial informou que os palestinianos sofreram escassez de água e compraram aproximadamente metade do seu abastecimento doméstico de água a Israel. (…) De acordo com a AI, os palestinianos receberam uma média de oito litros menos do que o abastecimento diário mínimo prescrito pela Organização Mundial de Saúde para manter padrões básicos de higiene e segurança alimentar (…) As forças armadas israelitas continuaram a destruir cisternas de água, algumas das quais financiadas por países doadores para fins humanitários. (…) De acordo com o Instituto de Jerusalém para Estudos de Israel, 82% dos palestinianos de Jerusalém viviam na pobreza e 87% das crianças de Jerusalém Oriental moravam abaixo da linha de pobreza israelita – um aumento a partir de 2015 (...)».
O texto cima consta do extenso Relatório sobre Direitos Humanos em Israel e nos territórios ocupados da Palestina, relativo a 2016. Dir-se-ia que nada há aqui de surpreendente, não fora dar-se o caso de o documento ser assinado por Rex W. Tillerson, secretário de Estado dos EUA (www.state.gov/j/drl/rls/hrrpt/humanrightsreport/index.htm#wrapper) e de a gravidade do que nele é reportado não beliscar sequer o apoio incondicional de Washington a Telavive. Os mesmos EUA que recentemente, através da sua embaixadora Nikki Haley, disseram que o país está a «avaliar cuidadosamente» o Conselho de Direitos Humanos da ONU e a «participação do país no mesmo», por ser «difícil de aceitar» o facto de cinco resoluções contra Israel terem passado em Março passado no Conselho e nenhuma ter sido considerada em relação à Venezuela. Os mesmos EUA que em Março, juntamente com Israel, forçaram a demissão de Rima Khalaf, secretária executiva da Comissão Económica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental, por ter publicado um relatório em que acusava Israel de «apartheid».
O Relatório merece uma abordagem aprofundada, mas o exemplo que aqui se deixa fala por si do crédito que os EUA merecem quando falam em defesa dos direitos humanos.