SALÁRIOS Milhares de operários da fábrica de automóveis da Volkswagen na Eslováquia iniciaram, dia 20, uma greve pelo aumento dos salários.
A greve levou ao encerramento da maior unidade industrial do país, situada nos arredores de Bratislava, onde laboram 12 300 trabalhadores.
Trata-se da primeira greve desde a abertura da fábrica em 1991, e uma das maiores acções operárias na história recente da Eslováquia.
Ao som de tambores, milhares de grevistas concentraram-se frente à entrada das instalações, reivindicando aumentos justos que reflictam os lucros gerados nos últimos anos, segundo relatou a AFP.
O principal sindicato (Moderné odbory Volkswagen) exigia aumentos salariais de 16 por cento em dois anos. Mas a proposta da empresa não foi além de 8,9 por cento para o mesmo período.
Ao fim do terceiro dia consecutivo de greve, seguida por pelo menos 70 por cento dos operários, de acordo com a agência Reuters, o sindicato procurou um compromisso, baixando a sua proposta de aumentos para 13,9 por cento. A administração recusou.
Em diversas declarações públicas, os responsáveis da multinacional alemã alegam que os salários já hoje estão ao nível das fábricas de Espanha e de Portugal, representando quase o dobro do salário médio eslovaco.
Os números da VW indicam que o salário médio na empresa se eleva a 1800 euros mensais, contra 980 euros no país, onde o salário mínimo é de 400 euros.
No entanto, o próprio primeiro-ministro, o social-democrata Robert Fico, viu-se na necessidade de apoiar as razões dos grevistas: «Por que razão uma companhia que constrói os carros mais dispendiosos e luxuosos, com um alto nível de produtividade, paga aos operários eslovacos metade ou um terço do que paga aos mesmos operários na Europa Ocidental?», questionou Fico.
A VW constrói na Eslováquia alguns dos modelos de topo do grupo, nomeadamente o Porsche Cayenne, o Volkswagen Touareg e o Audi Q7. No ano passado saíram das linhas de produção quase 390 mil veículos.
Com apenas 5,2 milhões de habitantes, a Eslováquia produz mais de um milhão de viaturas por ano, nas fábricas VW, Kia e Peugeot.