Viver e lutar com confiança e alegria

João Dias Coelho (Membro da Comissão Política)

Neste tempo de grande conturbação em que o sistema capitalista vive uma crise profunda, aprofundando a sua natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora, deixando um rasto de destruição económica e social, fazendo pairar sobre a humanidade o espectro da generalização da guerra ao mesmo tempo que desenvolve e incentiva provocações, conflitos, actos terroristas, boicotes económicos e sociais, subsistem enormes potencialidades.

Não temos dúvida de que entre capital e povo escolhemos o povo

Potencialidades para a luta libertadora dos trabalhadores e dos povos que resistem e lutam em defesa da sua independência e soberania nacional e pela melhoria das suas condições de vida.

É tendo em conta esta realidade porventura contraditória, em que o peso do negativismo estimulado pela comunicação social dominada pelo capital e dominante na formação da opinião visando a desistência da resistência e da luta é enorme, que é preciso confiar nos trabalhadores e nos povos e na sua imensa capacidade de resistência de luta e de transformação.

É nesta postura que os comunistas portugueses se colocam, incentivando a luta dos trabalhadores e do povo português, nesta fase da vida política nacional, pela reposição, defesa e conquista de direitos, prosseguindo a luta pela concretização da política patriótica e de esquerda, parte constituinte do seu projecto de democracia avançada e de socialismo para Portugal, dando o seu contributo solidário internacionalista às lutas dos povos pela independência e soberania nacional, pela democracia, pelo progresso social e pelo socialismo que se travam em vários pontos do globo.

Sabemos por experiência própria que nunca o imperialismo e o capitalismo tiveram interesse em que os povos se libertassem e trilhassem de forma livre e soberana o seu próprio caminho. Sempre agiram em sentido contrário e por isso não temos nenhuma dúvida de que entre capital e povo escolhemos o povo, não entrando na campanha promovida pela direita mais retrógrada, nem cedendo à pressão ideológica e ao oportunismo que trespassa a social-democracia assumida ou disfarçada e muitos comentadores políticos ao serviço da classe dominante.

Somos coerentes

Sabemos que não sabemos tudo, mas recusamo-nos a trilhar o caminho do vale tudo, distorcendo a verdade e utilizando a mentira torpe para ficar bem na «fotografia» e captar votos, somos coerentes com os princípios e valores que estiveram na origem deste grande Partido e que têm norteado a sua acção ao longo de quase 100 anos de vida e de luta, continuando firmes nas nossas convicções e objectivos, assumindo o internacionalismo proletário como um valor, olhando para a vida com muita confiança e alegria na luta.

Vivemos e lutamos com muita alegria porque temos confiança nos trabalhadores e no povo dos quais emergimos e para os quais existimos. É com muita alegria que construímos e realizamos a festa do Portugal de Abril, a festa da solidariedade internacionalista – a Festa do Avante!, recebendo solidariamente representantes de partidos comunistas e progressistas de todo o mundo, acolhendo milhares de visitantes que durante três dias usufruem de momentos únicos no plano cultural. Sabemos que a Festa do Avante! é um engulho para as forças políticas e sociais que se nos opõem, porque para além do mais ela é a festa do órgão central do Partido Comunista Português – Partido da classe operária e de todos os trabalhadores –, porque ela estimula a luta, promove a cultura, valoriza a amizade e a solidariedade de classe, divulga os valores e objectivos pelos quais lutamos, e por isso sabemos também que tudo farão na sua sanha anticomunista para estimular o preconceito ideológico e a estigmatização e criarem o máximo de dificuldades à sua realização.

Prosseguimos com imensa alegria o trabalho de reforço do Partido, fazendo da Festa luta, desenvolvendo a acção e a luta pela reposição e conquista de direitos e rendimentos, e pela política patriótica e de esquerda, construindo um grande resultado eleitoral da CDU nas próximas eleições autárquicas.




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