- Nº 2283 (2017/08/31)
Saudação de Jerónimo de Sousa aos construtores na Atalaia

Tudo a postos para a grande Festa da juventude e do povo

Festa do Avante!

Jerónimo de Sousa esteve sábado passado, 26, na Festa do Avante!, onde deixou uma fraternal saudação aos seus construtores, aos militantes, às organizações do Partido, aos amigos da CDU, a quem transmitiu ainda a forte convicção de que esta voltará a ser «um êxito», um acontecimento político-cultural inigualável, uma grande afirmação de confiança no futuro.

Ponto central na intervenção do Secretário-geral do PCP foi o seu apelo a um esforço final no trabalho de «embelezamento» e «acabamento» do conjunto dos stands das organizações e pavilhões centrais para uma Festa que, de ano para ano, se quer sempre melhor e mais bonita.

Desde o momento em que foram proferidas as palavras do líder comunista muito se avançou neste capítulo, como o Avante! ainda ao final desta terça-feira pôde constatar, pelo que no essencial o que falta neste dia e meio até à abertura das suas portas é ultimar pormenores construtivos e organizacionais no funcionamento dessa imensa «máquina» (como os abastecimentos) que garantirá ao visitante as melhores condições em serviços e segurança nos três dias da Festa.

Não menos importante – e este foi outro aspecto enfatizado com grande insistência pelo líder comunista perante as muitas centenas de militantes comunistas, simpatizantes e amigos do PCP e da Festa que enchiam a esplanada do bar e área envolvente ao refeitório da Atalaia – é a acção de promoção e divulgação da Festa do Avante!, com a correspondente venda da EP, título que não só dá acesso ao recinto como representa em si mesmo uma expressão concreta de solidariedade para com a Festa que se orgulha de incorporar na sua matriz, como nenhuma outra, os valores da Revolução de Abril.

Acção em todas as frentes
«É tão importante fazer os acabamentos, fazer o embelezamento da nossa Festa no terreno como prosseguir a sua divulgação e a venda da EP», afirmou Jerónimo de Sousa.

«Aqui chegados, mesmo com muita coisa por fazer, temos razões para ter um grande orgulho no Partido que temos e no Partidos que somos», sublinhou o líder comunista, sob forte aplausos e com as vozes em uníssono a fazer-se ouvir num forte e prolongado «PCP, PCP...»

E porque a Festa, apesar de tarefa prioritária, é afinal apenas uma das frentes em que se desdobra a acção dos comunistas, Jerónimo de Sousa assinalou que enquanto esta estava a ser «organizada, projectada e construída» estava-se ao mesmo tempo «por esse País fora a elaborar e a apresentar milhares de listas CDU para as eleições autárquicas de 1 de Outubro».

Processo este que «num primeiro balanço foi um êxito», informou, referindo que a coligação que reúne PCP, PEV e milhares de independentes concorre a mais freguesias, a 304 dos 308 municípios em todo o Continente, na Região Autónoma da Madeira e em 15 dos 19 concelhos da Região Autónoma dos Açores.

Reforçar intervenção
O Secretário-geral comunista não deixou de lembrar, por outro lado, como a par da construção da Festa, num «trabalho aparentemente sempre inacabado», o PCP esteve e está «na linha da frente pela reposição de direitos, pela sua conquista, pela sua defesa».

«Enquanto erguíamos o Espaço Internacional na nossa Festa, ali estivemos e estamos a afirmar a nossa solidariedade aos povos e países que são confrontados com a ofensiva do imperialismo, ameaçados na sua soberania, no seu direito inalienável de construir o próprio devir colectivo», acrescentou, esclarecendo que a «Festa do Avante! não será ponto de chegada nem ponto de partida, mas sim um momento de grande afirmação para o arranque da batalha das autárquicas, para o reforço da nossa intervenção política em todo o País, para que esta política de reposição de rendimentos, salários e direitos se mantenha».

Isto sem ignorar e com plena «consciência das contradições e das dificuldades que existem, dos problemas estruturais que não estão respondidos nem têm encontrado por parte do Governo as soluções», anotou, pondo assim em evidência a importância de prosseguir esse caminho de «avanços, embora insuficientes», sem deixar de afirmar simultaneamente a necessidade de uma «política alternativa, de ruptura com a submissão, com os constrangimentos que nos são impostos do estrangeiro e particularmente da União Europeia, de libertação do jugo monopolista que – como se demonstra através do exemplo da Altice e da PT – não quer, não permite o nosso desenvolvimento económico soberano».

Respostas que faltam
E prosseguindo a sua análise ao momento político, Jerónimo de Sousa lamentou que não tenham ainda sido dadas respostas a «questões de fundo como a alteração e a correcção das injustiças no Código do Trabalho, que continua a permitir limitações a um direito fundamental como é o direito à contratação colectiva».

Garantindo que o Partido está «consciente do terreno que pisa», o líder comunista congratulou-se com os «elementos económicos positivos» que têm vindo a ser alcançados, mas advertiu que «são voláteis», uma vez que os «factores que os determinam não são dominados por nós».

E a este propósito, interrogou: «como é que se pode dizer que vai haver reforço do investimento e se esqueça a necessidade do reforço desse investimento em capital humano, em trabalhadores, designadamente nos serviços públicos, nas funções sociais do Estado e em particular na Saúde?».

Obra sem paralelo
Reafirmado por Jerónimo de Sousa, noutro plano, foi aquela que é uma marca de água na identidade do PCP, posição de princípio de hoje e de sempre: «o nosso primeiro e principal compromisso continua a ser com os trabalhadores e o povo português e não com qualquer instituição».

Retomando o discurso interrompido pelas vozes que gritaram «a luta continua», expôs de seguida as razões do «orgulho neste Partido, nestes militantes, nas suas organizações», realçando o «sentimento de que estaremos à altura de assumir as responsabilidades que o povo português entenda dar-nos».

«Mas para isso precisamos de mais força. Com confiança para travar estas batalhas todas. E precisamos de uma grande Festa do Avante!.», frisou, antes de deixar o apelo final ao que na altura ainda estava por concluir: o «melhoramento, a pequena obra, o pequeno retoque».

E antecipando o cenário que o visitante encontrará amanhã, quando as portas da Atalaia se abrirem ao público, adiantou que «lá estaremos, todos, com uma massa imensa de gente, comunistas, ecologistas do PEV, muitos democratas, muitos independentes que olham para esta obra dos comunistas, ficam impressionados e constatam: "não há partido como este"».

«Não subestimando as dificuldades, os obstáculos que existem ao nosso desenvolvimento económico, ao progresso e à justiça social, temos confiança. Sim, camaradas, temos confiança neste partido. O Partido tem confiança nos seus militantes. Somos o Partido que continua a ser a força insubstituível na sociedade portuguesa neste grande objectivo da luta por uma democracia avançada, na luta pelo socialismo e pelo comunismo», concluiu o Secretário-geral do PCP.

Elevar a luta dos trabalhadores

Ao mesmo tempo que eram «melhorados os espaços alargados da Festa», outras frentes de trabalho mereceram a atenção e o envolvimentos dos comunistas, lembrou o Secretário-geral do PCP, sublinhando desde logo o empenho posto na «elevação da luta dos trabalhadores». E sem esquecer nenhuma das lutas em curso, Jerónimo de Sousa dirigiu uma saudação especial à luta dos trabalhadores da PT, «ameaçados nos seus direitos e nos seus postos de trabalho», com os presentes a gritarem repetidamente «a luta continua».

Reagindo às informações da ACT reveladas nesse mesmo dia que confirmam a «gravidade dos actos, da ofensa e desrespeito aos direitos dos trabalhadores da PT/ Altice», o responsável comunista afirmou que se «impõe usar todos os mecanismos para fazer respeitar a dignidade dos trabalhadores e combater práticas fraudulentas».

«Independentemente do uso de todos os meios, apresentaremos medidas de clarificação e de salvaguarda dos trabalhadores na chamada transmissão de estabelecimento», anunciou o líder comunista, que reiterou ser hoje uma evidência que «por razões dos direitos dos trabalhadores, por razões do interesse da nossa soberania, justifica-se cada vez mais a necessidade do controlo público da PT por parte do Estado, como propõe o PCP».

Marca indelével

Jerónimo de Sousa deixou ainda a garantia de que o PCP na discussão do próximo Orçamento do Estado «lá estará, na AR, com a sua proposta, a sua iniciativa, a sua intervenção», sabendo que os «nossos objectivos muitas vezes são bloqueados devido a compromissos do PS com a política de direita», com a consciência de que é «neste quadro que precisamos de um Partido mais forte, designadamente na batalha eleitoral para as autarquias».

E defendendo que o povo é o «primeiro interessado» nesse reforço do PCP e da CDU – na medida em que essa é uma condição para que seja dada uma resposta efectiva aos problemas nacionais –, Jerónimo de Sousa comprovou a asserção lembrando que «onde houve avanços, onde houve progressos estava lá a marca do PCP».

A este respeito deu o exemplo dos reformados e pensionistas que neste «mês de Agosto, ao fim da tantos anos, viram aumentadas as suas reformas por iniciativa, por proposta, pelo esforço e empenhamento do PCP».

Vivência e ambiente únicos

Um ambiente caloroso, de alegria, fraterna camaradagem e muita confiança na realização de uma grande Festa do Avante! marcou a tradicional iniciativa de saudação do Secretário-geral do PCP aos construtores que a erguem militantemente.

Até esse dia, desde que em meados de Junho foi dado início às jornadas de trabalho, há um número que expressa bem a dimensão dessa generosa entrega, espírito solidário e consciência revolucionária dos que nelas se integram com o seu trabalho voluntário: mais de cinco mil participações homens, mulheres e jovens, gente de todas as idades, profissões, saberes e experiências.

Esse foi também o espírito que se respirou a meio da tarde do passado sábado, num espaço onde uma disposição diferente do palanque proporcionou melhoradas condições de conforto para todos, e onde foi muito visível a forte presença e participação juvenil.

No final, a plenos pulmões, cantou-se o «Avante, camarada», «A Internacional», «A Portuguesa». Mesmo a fechar, os corpos soltaram-se em dança contagiante ao som da mágica «Carvalhesa».