As greves, esse desespero

Margarida Botelho

A Comissão de Utentes dos Transportes da Margem Sul lançou um manifesto pelo fim da Parceria Público-Privado (PPP) da Fertagus, reivindicando a integração do chamado comboio da ponte no sector público, que foi assinado por mais de uma centena de personalidades da área metropolitana de Lisboa. A concessão à Fertagus termina em 2019 e essa é uma excelente oportunidade para acabar com esse negócio ruinoso para o Estado português.

Uma das questões que mais motiva o descontentamento dos utentes é o preço: não só o passe social intermodal não é válido na Fertagus como as passagens são escandalosamente caras. Um único e esclarecedor exemplo: da Azambuja a Lisboa, linha da CP, o passe custa 55,75€; de Setúbal a Lisboa, quase os mesmos quilómetros mas na linha da Fertagus, custa 131,95€. Claríssimo, não é?

Não para o CDS-PP de Almada, que lançou uma campanha online contra aquilo a que chama «a nacionalização do transporte ferroviário na ponte». Acusa a Comissão de Utentes de querer acabar «com o melhor serviço público de transporte operado por uma empresa privada que oferece aos seus utentes, comodidade e qualidade, cumpridora dos seus horários, não desespera os utentes com greves e mantém em simultâneo um considerável serviço de segurança para os passageiros». Acrescenta que só «para cumprimento de uma agenda ideológica, preconceituosa e completamente ultrapassada no tempo e no espaço»se pode defender tal coisa.

Reparou o leitor como a argumentação omite a questão central do preço? Como se agarra a esteriotipos contra o que é público e os trabalhadores? Pois é, quando a verdade é tão clara como esta, só mesmo usando argumentos preconceituosos, falsos e ultrapassados é que se pode tentar atacá-la.




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