2% do PIB

Filipe Diniz

A exigência dos EUA de aumento da «contribuição» de cada membro da NATO vem da Cimeira de Gales em 2014 – no tempo de Obama –, apontando para a manutenção dos 2% do PIB dos que já se encontravam nesse nível (França, Alemanha, Grã-Bretanha) e para os restantes tratarem de o atingir no decurso da década seguinte. Esse objectivo foi defendido na campanha eleitoral nos EUA tanto por Hillary Clinton como pelo «socialista» Bernie Sanders («os nossos aliados têm que se empenhar mais»). Que Trump escreva no twitter 4% não altera a questão.

Segundo dados do Banco Mundial, a despesa de Portugal em defesa era em 2017 de 1,7% do PIB. No mesmo quadro, a comparação é com 1960 (3,3% do PIB). A despesa de um Portugal fascista, fundador da NATO, a caminho de uma guerra colonial em três frentes. O único país cuja despesa actual tem semelhante expressão é os EUA: 3,61% do PIB. Confirmando a validade do termo utilizado em 1961 por Eisenhower, o complexo militar-industrial da principal potência imperialista prospera em estado de guerra permanente.

Os EUA/NATO não exigem apenas o aumento da despesa militar. Exigem que 20% dessa despesa seja gasto em equipamento militar pesado (major equipment spending). E uma das contradições inter-imperialistas é capaz de residir aí: porque há-de esse gasto ir encher os cofres da indústria militar EUA (205 milhares de milhões de dólares em 2016), se a UE tem a ambição de consolidar o seu próprio complexo militar-industrial (o EDTIB) para alargar a sua «capacidade de acção autónoma» – «sem prejudicar acções NATO», acrescenta a CE para evitar melindres.

A NATO é uma organização agressiva e criminosa, onde contradições inter-imperialistas podem emergir. Mas a contradição fundamental existe entre a NATO, os povos e a paz.




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