Protestos em lojas Continente contra repressão e por salários
LUTA Em Avintes e no GaiaShopping, o CESP/CGTP-IN levou a cabo iniciativas públicas de protesto contra comportamentos abusivos dos directores das lojas Continente e por melhores salários.
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«A Sonae, uma das maiores empresas do sector da grande distribuição, não pode permitir tais práticas que, infelizmente, acontecem em muitos locais de trabalho desta empresa» – protestou a direcção regional (Porto, Vila Real e Bragança) do Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, numa informação acerca das concentrações, realizadas a 27 de Dezembro, junto ao Modelo Continente, em Avintes (de manhã), e frente ao Continente do GaiaShopping (de tarde).
A responsabilidade por constantes acções de pressão e repressão sobre os trabalhadores foi imputada, nos dois casos, aos directores e chefias dos estabelecimentos.
Em Avintes, o director «de forma prepotente levanta o tom de voz, reprimindo os trabalhadores em frente aos colegas e clientes», e «inclusive os clientes são vítimas da sua prepotência quando defendem os trabalhadores», acusou o CESP. O sindicato criticou ainda o modo como são feitos os planos de trabalho e o uso dos auriculares de serviço «de forma exaustiva e abusiva» pelo director.
Os trabalhadores «foram ameaçados e insultados pela gestora operacional de Recursos Humanos», procurando obter rescisões de contrato ou vencer a oposição à «IOP» («Improving our People», descrita pelo CESP como ferramenta de recursos humanos com função de rede social).
Dirigentes sindicais, durante o protesto, confirmaram estas situações à agência Lusa e referiram ainda que «alterações de secção sem sentido» servem como «forma de repressão», as câmaras de vigilância são usadas «para controlo de produtividade» e houve mesmo quem chegasse a «proibir que os operadores de caixa se sentassem ou fizessem pausa para ir à casa-de-banho».
A acção no GaiaShopping foi realizada «apesar do comportamento vergonhoso que teve a administração do centro comercial (Sonae Sierra), proibindo a comunicação social de fazer entrevistas, fotos e vídeos».
Num documento distribuído aos clientes e aos trabalhadores do hipermercado, foi denunciado o exercício de «pressão e repressão» por parte do director, contra delegadas sindicais e outros trabalhadores. O serviço na «fila única» (sistema de acesso às caixas no Continente) tem sido usado «como arma para pressionar e reprimir» e para impor «ritmos de trabalho exaustivos».
As delegadas sindicais são impedidas de acompanhar trabalhadores que solicitam a sua presença. O CESP afirma ainda que os trabalhadores são proibidos de falar entre si e também com os clientes, são cronometradas as idas à casa-de-banho e, em caso de acidente de trabalho, é forçado o recurso à baixa, negando o direito a recorrer ao seguro de trabalho.
Salários e direitos
Em ambas as iniciativas foi criticada a intransigência da associação patronal APED, nas negociações do contrato colectivo de trabalho (que têm nova sessão marcada para dia 21).
Ao fim de mais de dois anos sem revisão do contrato, os grupos da grande distribuição comercial mantêm uma proposta de aumento salarial que representa menos de 11 cêntimos por dia (3,21 euros por mês), e para isso exigem a redução do valor do trabalho suplementar, a desregulação dos horários laborais e a instituição de «bancos» de horas.
Para dar força às propostas sindicais, o CESP promoveu uma greve nacional no sector, a 24 de Dezembro, e lutas em lojas e armazéns do DIA (Minipreço e Clarel), do Pingo Doce, do Jumbo e do LIDL, nos dias anteriores.
Responsabilizando cada empresa pelas posições da APED e exigindo resposta aos respectivos cadernos reivindicativos, a par dos objectivos sectoriais, o sindicato e os trabalhadores voltaram à luta a 31 de Dezembro.
No distrito de Lisboa, houve greve nas lojas do Pingo Doce.
A nível nacional, teve lugar uma greve nas lojas e entrepostos do DIA, com grande adesão. O CESP deu nota de muitas lojas encerradas e muitas outras com horários reduzidos, registando grande adesão à luta também nos armazéns.
Especial protesto mereceu o facto de, no armazém de Valongo, a GNR ter sido chamada e prestar-se a empurrar os trabalhadores do piquete de greve, para que camiões pudessem entrar.