Alguns antecedentes
15 de Fevereiro de 1898: o navio de guerra USS Maine explode no porto de Havana. Essa explosão – acidental – serve de pretexto para os EUA desencadearem a guerra contra Espanha, então a potência colonial de Cuba.
31 de Agosto de 1939: o «incidente» de Gleiwitz. Operacionais nazis em uniforme polaco atacam a rádio alemã Sander Gleiwitz, deixando no local os cadáveres desfigurados de prisioneiros de Dachau vestidos e identificados como militares polacos. No dia seguinte inicia-se a II Guerra Mundial com a invasão da Polónia.
2 e 4 de Agosto de 1964: o «incidente» do Golfo de Tonkin. O navio de guerra norte-americano USS Madox envolve-se no dia 2 em confronto com lanchas norte-vietnamitas. No dia 4 invade águas territoriais do Vietnam encenando aí uma «batalha naval». Documentos oficiais (Pentagon Papers) revelam mais tarde que essa «batalha» nunca existiu. A informação manipulada e fraudulenta sobre ela leva na altura à aprovação da Resolução do Golfo de Tonkin, autorizando o envolvimento militar directo (o indirecto já se verificava há muito) dos EUA no Vietname.
Três exemplos entre dezenas de outros. Exemplos que podem ajudar a entender o significado dos «ataques» a dois petroleiros no Golfo de Oman no passado dia 13 de Junho. Os EUA atribuíram de imediato a responsabilidade ao Irão: atacara com minas. A empresa japonesa proprietária de um deles (Kokuka Sangio) desmentiu: o navio foi atingido por explosivos vindos pelo ar. Isso não impediu os EUA de divulgarem um vídeo «mostrando» a colocação dessas inexistentes minas.
Um relatório recente (https://fas.org/irp/doddir/dod/jp3_72.pdf) revela que chefes militares dos EUA acreditam que uma guerra nuclear pode ser ganha. A demência belicista não é exclusiva de Trump, Pompeo, Pence ou Bolton.