É preciso dar mais força a quem sempre esteve ao lado do Alentejo
CONFIANÇA No sábado, 21, Jerónimo de Sousa esteve nos distritos de Beja e Évora, em acções participadas e entusiasmantes. Em destaque estiveram a produção nacional, o desenvolvimento regional e os direitos.
O PS opôs-se a muitas medidas de valorização do Alentejo
A jornada começou em Aljustrel, num almoço com mineiros e familiares. Sala repleta, conversas animadas e uma recepção calorosa ao Secretário-geral do PCP, a quem no final foi oferecido um gasómetro e uma miniatura de um vagão de mina, com direito a carril e tudo. O candidato Jorge Silva, mineiro, explicou as razões de tamanho calor: ao contrário dos sucessivos governos, o PCP «não esquece os mineiros» e as conquistas alcançadas por estes nos últimos anos – em particular o regime especial de acesso às pensões de invalidez e velhice para mineiros do fundo de mina e trabalhadores das lavarias de minério – têm a marca dos comunistas.
O próprio Jerónimo de Sousa lembrou, na sua intervenção, que esta vitória resultou da luta dos mineiros, que «nunca baixaram os braços», e da persistência do PCP, que ao longo dos anos insistiu na sua concretização, apresentando múltiplas iniciativas legislativas neste sentido. Na proposta de Orçamento do Estado para 2019, apresentada pelo Governo, constava apenas a antecipação da idade da reforma para os trabalhadores da extracção de pedra, recordou, sublinhando ter sido por proposta do PCP (a primeira por si apresentada) que ela foi alargada aos das lavarias de minério e de transformação de pedra.
Falando perante uma plateia de gente que sabe perfeitamente o que é o trabalho duro e a luta persistente, o dirigente comunista Jerónimo de Sousa insistiu na ideia de que o alargamento do regime especial de acesso às pensões de invalidez «não foi oferta, foi conquista dos trabalhadores». Ficou, assim, uma vez mais demonstrado que «valeu e vale a pena lutar», que a «organização, mobilização e unidade dos trabalhadores» é decisiva.
Enchentes, alertas e memória
Tal como fizera em Aljustrel, também na sessão pública de Beja, que fez transbordar a Casa da Cultura, Jerónimo de Sousa insistiu na necessidade de, nas eleições que se aproximam, impedir o regresso do «preocupante trajecto de regressão» que marcou décadas de governação do País e que, em 2015, foi possível conter nos seus aspectos mais extremos. Os riscos de andar para trás existem «não apenas com o voto no PSD e CDS, mas também no PS», garantiu o dirigente comunista.
A recusa, por parte do PS, de permitir que, como propôs o PCP, o cálculo da idade de reforma para os mineiros e trabalhadores das pedreiras fosse reduzida em três meses por cada seis de serviço efectivo e que não lhes fosse aplicado o factor de sustentabilidade, bem como a alteração para pior da legislação laboral (cozinhada com o patronato e a UGT e aprovada graças a PSD e CDS) são exemplos que mostram como não mudaram as opções de fundo do PS, apenas as circunstâncias em que governou.
Relativamente às leis laborais, Jerónimo de Sousa recorreu à história para rechaçar a argumentação do PS que, sobre o alargamento do período experimental para 180 dias, garante ser apenas em condições muito particulares: também em 1976, com o PS, foram criados os contratos a prazo, com argumentos semelhantes; o resultado prático foi a sua generalização.
Proposta e sensibilidade
Nas duas iniciativas, o primeiro candidato da CDU pelo círculo eleitoral de Beja, João Dias, adiantou mais argumentos para que o PS não fique com mãos livres para praticar a sua política de sempre: os vários projectos de resolução aprovados pela Assembleia da República nesta legislatura incidindo sobre o distrito contaram com a oposição do partido do Governo.
O actual deputado apresentou em seguida algumas as principais propostas da Coligação PCP-PEV para a região: a construção da segunda fase do Hospital Distrital de Beja; a ligação ferroviária directa entre Beja e Lisboa, a electrificação do troço Beja-Casa Branca e a requalificação entre Beja e Funcheira, repondo a ligação directa ao Algarve; o IP8 em perfil de auto-estrada entre Sines e Ficalho, sem portagens, e a abertura imediata do troço já construído; valorização do aeroporto de Beja, com gestão pública; o aproveitamento dos recursos agrícolas e minerais; o desenvolvimento de Alqueva.
A justeza destas e de outras propostas há muito defendidas pela CDU fica ainda mais evidente na sua inclusão nos programas de outros, que a elas sempre se opuseram. À denúncia feita pelo mandatário regional João Ramos seguiu-se um conselho: «em vez de votarem nas cópias, podem votar no original.»
As duas iniciativas realizadas no sábado no distrito de Beja com a participação de Jerónimo de Sousa revelaram a sensibilidade artística dos candidatos e activistas da CDU: em Aljustrel, o candidato Manuel Nobre interpretou modas regionais (integrado no grupo Entre Punhos) e em Beja foi o mandatário concelhio Paulo Ribeiro a fazê-lo.
Defender o conquistado e avançar
A jornada terminou em Arraiolos, num grande jantar que encheu por completo o Pavilhão Multiusos local. Aí, para além de Jerónimo de Sousa, interveio o primeiro candidato da Coligação PCP-PEV pelo distrito de Évora, João Oliveira, presidente do grupo parlamentar comunista na Assembleia da República.
À semelhança do que fizera João Dias em Beja, João Oliveira demonstrou como é arriscado para o futuro da região deixar o PS de mãos livres. O caso do Hospital Central do Alentejo é paradigmático, com o PS a tentar ao máximo inviabilizar a sua construção. Só após muita pressão do PCP e das populações é que o Governo lançou, quase a terminar a legislatura, o concurso público para a sua construção. «Empurrámos o Governo para fazer o que não queria», concluiu.
O deputado comunista adiantou ainda outros exemplos, que atestam a importância de uma CDU mais forte: os aumentos das reformas e pensões, a gratuitidade dos manuais escolares, o acesso à reforma antecipada dos trabalhadores das pedreiras. Para o futuro, adiantou que o «rejuvenescimento do distrito necessita das propostas da CDU». O facto de Évora eleger apenas três deputados deve levar a que a opção de voto seja particularmente pensada e ponderada, apelou.
Jerónimo de Sousa, por seu lado, recordou que as eleições legislativas não servem para eleger primeiros-ministros, mas sim para decidir da composição da Assembleia da República, da qual emanam as soluções governativas. Para avançar é «preciso dar mais força à CDU», cujo reforço – e só ele – dá «sólidas garantias de defesa dos progressos alcançados».
Das propostas com que o PCP e o PEV pretendem responder aos problemas do País e da região, o dirigente comunista destacou a necessidade de garantir a sustentabilidade e o pleno emprego e reduzir as desigualdades sociais e assimetrias regionais. O desenvolvimento das forças produtivas, o investimento público no mundo rural e nas infra-estruturas, a potenciação dos recursos agro-pecuários, florestais, hídricos, mineiros e energéticos, a discriminação positiva dos territórios atingidos pela desertificação e a regionalização são algumas das propostas pelas quais comunistas e ecologistas se continuarão a bater. Portugal, garantiu Jerónimo de Sousa, «precisa de soluções para dar resposta aos atrasos acumulados» e a CDU tem-nas!