Escalada da crise política na Bolívia com a militarização de várias cidades
O candidato presidencial do Movimento para o Socialismo (MAS), Luis Arce, denunciou na terça-feira, 11, a escalada da crise política na Bolívia com a transferência de grupos de choque armados para La Paz.
«Eles estão carregados de ódio contra o povo mobilizado pacificamente», escreveu no Twitter o ex-ministro da Economia (2006-2019) do então presidente Evo Moralez, ao referir-se às manifestações e bloqueios de estradas protagonizados por sectores sociais que exigem respeito pelo calendário eleitoral.
O candidato do MAS denunciou na rede social que o objectivo dos grupos armados é provocar convulsões no país e permitir a continuação do governo golpista no poder.
A Central Operária Boliviana (COB) e outros movimentos sociais mantêm bloqueadas as principais estradas do país desde a semana passada, em protesto contra a decisão do Tribunal Supremo Eleitoral de adiar as eleições presidenciais para 18 de Outubro próximo.
Em resposta, o governo de facto ordenou a militarização de vários departamentos de La Paz e Santa Cruz, não descartando o uso da força para desimpedir os cortes de estradas.
O ministro da Presidência, Yerko Núñez, justificando, a medida perante a imprensa afirmou que se trata de garantir o transporte de medicamentos e alimentos, e acusou os manifestantes de provocar o confronto entre bolivianos.
Tendo falhado o diálogo entre o governo da presidente interina golpista Jeanine Añez, e a oposição, os movimentos sociais bolivianos anunciaram que manterão os bloqueios das vias de comunicação e outras acções de luta, exigindo a realização de eleições a 6 de Setembro.
O presidente do Tribunal Supremo Eleitoral, Salvador Romero, assegura, contudo, que 18 de Outubro é a data «definitiva, inamovível e inadiável» do processo eleitoral de 2020.