Com o surto epidémico, o grande capital deu novas roupagens ao aumento da exploração, objectivo de sempre num capitalismo cuja natureza não se alterou. A propaganda da modernidade do teletrabalho juntou-se à desbragadachantagem de liquidação de empregos, procurando que os trabalhadores aceitem mais perdas salariais e liquidação de direitos.
O surgimento de novos perigos – seja a meta de 25 por cento, definida pelo Governo para o teletrabalho na Administração Pública, seja a perspectiva de outra onda de despedimentos, depois dos milhares de trabalhadores com vínculos precários que foram os primeiros a ser lançados no desemprego – coloca novas exigências à organização e à luta dos trabalhadores, tanto por objectivos imediatos, como pela transformação da sociedade.
A acusação, o alerta e a confiança na unidade, organização e acção dos trabalhadores, da CGTP-IN e do PCP sobressaíram em dois debates no Espaço Central:
– na noite de sexta-feira, no Auditório, com intervenções de Margarida Botelho (da Comissão Política do Comité Central do Partido), Bruno Dias (do CC e deputado), Andrea Araújo (da Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN), Dinis Lourenço (da Interjovem e do CN da CGTP-IN) e Augusto Praça (dirigente sindical), debateu-se«Teletrabalho: da inovação à exploração»;
– no sábado à noite, no Fórum, o tema «Valorizar o trabalho e os trabalhadores. Não à exploração!» foi abordado por Francisco Lopes (do Secretariado e da Comissão Política do CC), Gonçalo Oliveira (da Comissão Política), Ana Pires (da Comissão Executiva da CGTP-IN), Joaquim Dionísio (dirigente sindical) e Alexandra Pinto (da Comissão Política da JCP).
A ideia de que os problemas começaram com o vírus serve para branquear o passado e as responsabilidades da União Europeia, do Governo e da Assembleia da República. Muitos despedimentos foram possíveis, por exemplo, devido ao mais recente alargamento do período experimental, que aumentou a já elevada precariedade dos vínculos laborais, sobretudo de jovens.
No confinamento, o teletrabalho pôde ser testado e tentam mantê-lo, porque é do interesse dos patrões, que assim passam custos para os trabalhadores. Mas o «teste» também revelou os perigos da sua generalização.
O PCP, assumindo-se como vanguarda junto dos trabalhadores, teve intervenção activa na resistência a este ataque. Nova investida estará já a ser preparada, o que ainda mais justifica a mobilização em força para o dia de luta nacional, que a CGTP-IN promove a 26 de Setembro.