1880 – Síndrome de Cotard
O neurologista francês Jules Cotard chamou-lhe «Le délire de négation» (O delírio da negação) e descreveu esta rara doença mental como um problema depressivo acompanhado de melancolia, ansiedade, insensibilidade à dor, negação da existência do próprio corpo e, nalguns casos, da crença delirante de que se está morto. Segundo os especialistas, a síndrome de Cotard, também conhecida como «síndrome do cadáver ambulante», é «uma besta estranha entre as criaturas que habitam o mundo da psiquiatria», já que quem padece da doença se considera como um morto-vivo, condenado à danação eterna, ou, paradoxalmente, sofrendo de delírios de imortalidade. O distúrbio viria a ser classificado como lipomania (lypémanie), termo introduzido em 1819 por Jean-Étienne Esquirol e usado para designar um estado depressivo caracterizado por uma profunda melancolia e passível de evoluir para obsessão mórbida ou loucura depressiva. Ao contrário dos zombies da ficção, estes mortos-vivos da psiquiatria são bem reais e estão sujeitos a grande sofrimento, sendo frequente os comportamentos suicidas. A origem destes distúrbios, com diferentes graus de gravidade, ainda é desconhecida e a enfermidade não consta nos sistemas internacionais de classificação de doenças.