Ainda os resultados das Presidenciais

A subir em todo o País

Comparativamente aos resultados da CDU nas eleições legislativas de Fevereiro de 2005, a candidatura presidencial do PCP obteve mais 34 mil votos e subiu em quase todos os distritos do País.

Jerónimo de Sousa venceu em 16 concelhos de cinco distritos

Após a CDU ter registado um aumento de 54 mil votos nas eleições legislativas de Fevereiro do ano passado, a candidatura presidencial de Jerónimo de Sousa, decidida pelo Comité Central do PCP, registou mais 34 mil votos do que os registados pela coligação nas legislativas, tendo obtido no passado dia 22 mais de 467 mil votos. A candidatura comunista foi, assim, a única das que se opunham a Cavaco Silva a reforçar a votação relativamente aos resultados obtidos pelas suas forças políticas nas legislativas de 2005.
Assim, e excluindo as autárquicas (que apresentam dinâmicas locais muito específicas, mas nas quais a CDU também cresceu), em dois actos eleitorais realizados desde o XVII Congresso do Partido, o aumento de votos aproximou-se dos noventa mil. Ao comparar com as anteriores eleições presidenciais, a votação na candidatura comunista mais que dobrou a registada nas eleições de 2001.
Jerónimo de Sousa seria mesmo o único candidato a destronar Cavaco Silva num dos distritos do País, tendo sido o mais votado no distrito de Beja, com 21855 votos e 27,5 por cento. Em Setúbal e Évora, o candidato comunista ficou na terceira posição, à frente do candidato oficial do PS, Mário Soares. O mesmo aconteceu em vários concelhos do País. Em Portalegre e Lisboa, o candidato do PS ultrapassou Jerónimo de Sousa por uma pequena margem de votos.
Ao nível dos concelhos, o candidato comunista foi o mais votado em dezasseis. Manuel Alegre venceu em seis e Mário Soares foi o preferido em apenas um concelho.

Subida sustentada em todo o País

Em percentagem, e comparando com as legislativas de Fevereiro, a candidatura do PCP cresceu em todo o País, embora tenha perdido alguns votos em Setúbal, Évora e Coimbra. Estas ligeiras perdas, num quadro de uma maior abstenção, acabariam por representar aumentos de peso relativo da candidatura comunista.
No resto do País, os aumentos são relativos e absolutos. No distrito do Porto, por exemplo, verificou-se um aumento de mais de 11 mil votos relativamente a Fevereiro do ano passado, onde a CDU tinha já aumentado a sua votação e eleito mais um deputado.
Mesmo nas zonas de mais difícil implantação do PCP, a candidatura comunista reforçou a tendência de crescimento que se vinha verificando desde Fevereiro de 2005. No distrito da Guarda, por exemplo, a passagem de 2958 votos, em Fevereiro, para 3970 nas presidenciais representa um aumento significativo, assim como o crescimento de 1867 votos em Viseu. Em Castelo Branco, a candidatura comunista subiu, em relação à CDU, 2110 votos, aumentando 2,2 pontos percentuais. Em Braga, após a eleição de um deputado da CDU nas legislativas, a candidatura comunista acrescentou mais 3500 votos ao que a coligação tinha obtido em Fevereiro. Também em Faro, Leiria, Viana do Castelo, Vila Real, Açores e Madeira, a influência do PCP cresceu, chegando, em algumas destas regiões, a aumentar mais de um ponto percentual.

Menos 675 mil votos em onze meses
Socialistas dão vitória a Cavaco


Os dois candidatos da área do PS, somados, perderam 675 mil votos relativamente ao resultado alcançado pelo seu partido nas legislativas de 20 de Fevereiro do ano passado, representando uma quebra de mais de 9 por cento da votação. Este decréscimo verifica-se em todos os círculos eleitorais, sem excepção.
Nas legislativas de 2005, nas quais obteve a maioria absoluta, o PS suplantou o PSD em grande parte dos distritos. Agora, os candidatos da área do PS ficaram atrás de Cavaco Silva em todas as regiões do País.
No distrito de Lisboa os dois candidatos do PS perderam, relativamente ao PS em Fevereiro passado, mais de 95 mil votos, enquanto que no Porto a quebra ascendeu aos 147 mil votos. Nos Açores e em Castelo Branco, a quebra eleitoral ascende aos 17 pontos percentuais e em Bragança ultrapassa os 15.
Se as contas forem feitas relativamente ao candidato oficial do PS, a quebra é ainda mais significativa: a nível nacional, a candidatura apoiada pelo partido do Governo perdeu mais de 1 milhão e 795 mil votos, o que representa 30,7 por cento. Mesmo com esta impressionante quebra dos candidatos do PS e o aumento significativo da direita, com Cavaco Silva, a eleição decidiu-se por uma muito curta margem de votos.

A «ajuda» do BE

Também a candidatura de Francisco Louçã não ajudou à derrota de Cavaco Silva. Com menos 77 mil votos do que o BE tinha obtido nas legislativas de 2005, Louçã perdeu 1,1 ponto percentual. A descida dos bloquistas ocorre em praticamente todo o País, à excepção de Braga, Bragança, Castelo Branco, Guarda, Vila Real, Madeira e Açores. Em Portalegre e Viana do Castelo, tendo perdido votos, manteve o mesmo peso relativo que o BE havia alcançado em Fevereiro de 2005.
Noutros distritos, as perdas são significativas: menos 39 mil votos em Lisboa, menos 17 mil em Setúbal, menos 11 mil no Porto. Mesmo em Aveiro, onde ficou à frente da candidatura comunista, Louçã viu escaparem-lhe 3165 votos, passando de 5,1 por cento em 2005 para 4,4 em Janeiro de 2006. Já Jerónimo de Sousa viu crescer a sua votação neste distrito em mais 2425 votos: de 3,5 para 4,2 por cento.
Na «pseudo-competição» à esquerda, criada por alguma comunicação social, entre Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa, o saldo é esmagadoramente favorável ao candidato comunista. No distrito de Lisboa, por exemplo, onde nas legislativas o BE tinha ultrapassado a CDU em diversos concelhos, Louçã apenas obteve mais votos na Lourinhã, tendo ficado atrás do candidato comunista em todos os outros 15 concelhos. As percentagens obtidas na região falam por si: 10,66 por cento para Jerónimo de Sousa contra 5,81 por cento do bloquista. De realçar que Louçã apenas ultrapassa o comunista em alguns dos distritos onde a vitória da direita é mais esmagadora e onde, mesmo assim, a candidatura comunista aumentou a sua votação.

Jerónimo «Presidente» em 16 concelhos

Jerónimo de Sousa foi o candidato mais votado no distrito de Beja e em 16 concelhos do País. No distrito em que venceu Cavaco Silva – o comunista foi aliás, o único candidato a impedir o pleno de Cavaco nos distritos do País –, Jerónimo de Sousa arrecadou 27,5 por cento dos votos.
A nível concelhio, e ainda no distrito de Beja, o secretário-geral do PCP triunfou em Aljustrel por 41,33 por cento; em Cuba por 35,43; em Mértola por 36,02 e em Serpa por 40,18 por cento.
Já em Évora, a candidatura comunista foi a mais votada no Alandroal (28,57 por cento), em Arraiolos (36,77 por cento), em Montemor-o-Novo (35,14 por cento), em Mora (33,22 por cento), em Portel (37,06 por cento) e em Viana do Alentejo (30,25 por cento).
Em Avis, no distrito de Portalegre, os comunistas voltaram a ser os preferidos, com mais de 42 por cento do total dos votos.
No distrito de Setúbal, Jerónimo de Sousa foi o mais votado no Barreiro (30 por cento), na Moita (30,9 por cento), em Grândola (29 por cento) e em Alcácer do Sal (28,63 por cento).
Alpiarça, no distrito de Santarém, também escolheu como Presidente o candidato comunista, com 36,4 por cento dos votos.


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