Resolução sobre os genéricos

Depois da crítica demolidora do PCP ao Governo pela sua política de saúde, já no período regimental de votações, o Parlamento aprovou por unanimidade um projecto de resolução que recomenda a adopção de medidas para a expansão do consumo de genéricos.

SAÚDE: Interpelação do PCP ao Governo - 5

A nota curiosa, neste caso, reside na circunstância de a autoria desta iniciativa legislativa ser do próprio PS. A bancada que «acompanha com entusiasmo» as contra-reformas do Ministro da Saúde é a mesma que lhe recomenda que faça o que já devia ter feito há muito.
Esta dualidade não escapou aos partidos da oposição, que interpretaram a recomendação como uma crítica aberta à actuação do Ministério da Saúde. Daí que a aprovação tenha sido de imediato recebida com palmas e indisfarçáveis sorrisos de deputados da oposição, assim sublinhando o seu apoio ao texto, o que não aconteceu com os deputados do PS que só de forma tímida e tardia deram esse sinal de regozijo.
Além da expansão do consumo de genéricos, o projecto de resolução recomenda ao Governo a «redução do desperdício de medicamentos prescritos e de orientações em diagnóstico terapêutico».
Razão tinha, pois, o líder parlamentar comunista, Bernardino Soares, quando, comentando a intervenção feita pouco tempo antes pelo deputado Manuel Pizarro (PS), afirmou que este arranjou lenha para se queimar ao querer analisar o estado da oposição. «É preciso olhar também para o estado da maioria», considerou Bernardino Soares, lembrando que esta «tem dias». Uns, «em que aplaude entusiasticamente a política do Governo», outros, «em que defende e aprova resoluções críticas relativamente à política do Governo, no que toca aos genéricos, propondo medidas que este não está a pôr em prática».


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