O fiel ditador
A engrenagem terrorista-jihadista converte-se hoje num rolo compressor virado para a desestabilização
Quando há meses o presidente paquistanês, Musharraf, ordenou o encerramento de vários canais de televisão num acto arbitrário, a comunicação social dominante desviou o olhar e cerrou os lábios. A atenção da «imprensa livre» estava então demasiado ocupada com o «fecho» do canal privado venezuelano RCTV, particularmente, em veicular a campanha mundial de calúnias movida contra o processo bolivariano por aquela que, afinal, se tratou de uma decisão soberana e legal de não renovação da concessão a um canal privado. E depois, não há que esquecer que a ditadura militar paquistanesa tem permanecido um aliado fiel do imperialismo norte-americano, e hoje uma peça central na suposta cruzada contra esse mal supremo e ameaça terrorista à «superior civilização ocidental» que dá pelo nome de fundamentalismo islâmico, e que tem uma das suas frentes na campanha dos EUA/NATO no Afeganistão, pretensamente contra os taliban, a Al-Qaeda e o fantasmático Bin Laden.
Não admira pois a moderação e benevolência reveladas pelos mesmos média, nomeadamente, nos últimos dias, face à matança governamental na Mesquita Vermelha em Islamabad. São muitas as interrogações levantadas por mais um acto de ostentação de violência desenfreada, fazendo jus à linha de acção – tão cara à Administração Bush – de que para «extirpar» o jihadismo, todos os meios (e vítimas) são justificáveis. As reacções de protesto e violência que irromperam em várias zonas do Paquistão parecem indicar que acções deste tipo só poderão intensificar e radicalizar a resposta jihadista, tornando cada vez mais claro que é pior a emenda que o soneto. É caso para perguntar se não será essa, precisamente, a intenção, aliás, sabendo-se que o «rei vai nu». Como lembra o General Loureiro dos Santos (“Para onde vai o Paquistão?”, Público, 15.07.07), «Musharraf, cujas forças militares e serviços secretos estavam estreitamente entrosadas com os taliban e a Al-Qaeda, aliás criações paquistanesas por encargo dos norte-americanos para combaterem a União Soviética, viu-se obrigado a colaborar nas operações para os destruir». Ao que parece, sem especial sucesso ao fim de oito anos de ditadura militar no Paquistão, e depois do triângulo de subversão islâmica da CIA, a secreta paquistanesa e a disponibilidade financeira saudita ter disseminado também as suas marcas pelo mundo. Por exemplo no Kosovo (lembram-se da UCK?), cuja «independência» o imperialismo pretende agora selar, repisando o direito internacional com o próprio concurso do S.G. da ONU, ou no Cáucaso russo (Tchetchénia e não só), para além do próprio Afeganistão... Sendo que, historicamente, a profusa rede de madrassas e o integrismo religioso associado, não têm deixado de se revelar óptimos instrumentos de canalização do descontentamento social, a bem das classes dominantes no Paquistão e dos interesses geoestratégicos do amo imperialista. Já não será assim?
A engrenagem terrorista-jihadista converte-se hoje num rolo compressor virado para a desestabilização e a manutenção da agenda imperialista em todo o «grande» Médio Oriente.
Não há porém diabolização fundamentalista que possa camuflar o elemento relevante do reforço da resistência popular à ocupação, tal como verificado no Iraque – onde só este ano já tombaram mais de 600 soldados dos EUA – e Afeganistão.
Não admira pois a moderação e benevolência reveladas pelos mesmos média, nomeadamente, nos últimos dias, face à matança governamental na Mesquita Vermelha em Islamabad. São muitas as interrogações levantadas por mais um acto de ostentação de violência desenfreada, fazendo jus à linha de acção – tão cara à Administração Bush – de que para «extirpar» o jihadismo, todos os meios (e vítimas) são justificáveis. As reacções de protesto e violência que irromperam em várias zonas do Paquistão parecem indicar que acções deste tipo só poderão intensificar e radicalizar a resposta jihadista, tornando cada vez mais claro que é pior a emenda que o soneto. É caso para perguntar se não será essa, precisamente, a intenção, aliás, sabendo-se que o «rei vai nu». Como lembra o General Loureiro dos Santos (“Para onde vai o Paquistão?”, Público, 15.07.07), «Musharraf, cujas forças militares e serviços secretos estavam estreitamente entrosadas com os taliban e a Al-Qaeda, aliás criações paquistanesas por encargo dos norte-americanos para combaterem a União Soviética, viu-se obrigado a colaborar nas operações para os destruir». Ao que parece, sem especial sucesso ao fim de oito anos de ditadura militar no Paquistão, e depois do triângulo de subversão islâmica da CIA, a secreta paquistanesa e a disponibilidade financeira saudita ter disseminado também as suas marcas pelo mundo. Por exemplo no Kosovo (lembram-se da UCK?), cuja «independência» o imperialismo pretende agora selar, repisando o direito internacional com o próprio concurso do S.G. da ONU, ou no Cáucaso russo (Tchetchénia e não só), para além do próprio Afeganistão... Sendo que, historicamente, a profusa rede de madrassas e o integrismo religioso associado, não têm deixado de se revelar óptimos instrumentos de canalização do descontentamento social, a bem das classes dominantes no Paquistão e dos interesses geoestratégicos do amo imperialista. Já não será assim?
A engrenagem terrorista-jihadista converte-se hoje num rolo compressor virado para a desestabilização e a manutenção da agenda imperialista em todo o «grande» Médio Oriente.
Não há porém diabolização fundamentalista que possa camuflar o elemento relevante do reforço da resistência popular à ocupação, tal como verificado no Iraque – onde só este ano já tombaram mais de 600 soldados dos EUA – e Afeganistão.