Artigo 38.º

«O Estado assegura a liberdade e a independência dos órgãos de comunicação social perante o poder político e o poder económico.» in Constituição da República Portuguesa.

 

Bombardeamentos e apagões

 

Um autêntico bombardeamento. Haverá expressão mais apropriada para caracterizar aquilo a que os trabalhadores e o povo português têm estado sujeitos nas últimas semanas em torno do Orçamento de Estado? Em tudo o que é notícia, debate ou comentário, e recorrendo a um imenso arsenal de jornalistas, analistas ou economistas, a generalidade dos órgãos de comunicação social amplifica até à exaustão a mensagem que interessa aos seus donos: a apresentação da passagem deste Orçamento do Estado como uma questão de importância vital para o futuro do País.

De todos os recursos que utilizam o mais eficaz será o da repetição. Dizendo mil e uma vezes a mesma coisa – nem sempre pelas mesmas palavras, e de preferência com palavras diferentes, que dá à coisa um ar mais «democrático» – algo há-de ficar. Se a isto se somar a criação de uma espécie de papão que tudo justifica (foi o défice e depois a crise e novamente o défice e as agências de «rating» e agora os mercados) mais eficaz se tornará toda a operação... Tudo isto chega ao ponto de conceder características quase humanas aos tais papões: ora os mercados reagem com nervosismo a uma suposta timidez do Governo nas medidas de «austeridade» como vêem com satisfação e optimismo a «coragem» que demonstra ao cortar salários na Administração Pública...

O que não se diz – ou havendo quem diga não chega às televisões, rádios ou jornais – é que os tais «mercados» são os grandes bancos europeus (sobretudo alemães) que acumulam fortunas à custa da especulação e que é em nome dessas fortunas que aos povos são pedidos imensos sacrifícios nos seus rendimentos, direitos e condições de vida. O que também não se diz é que as mesmas receitas não podem produzir resultados diferentes pelo que a aprovação de um Orçamento como aquele que está a ser preparado não só não resolverá nenhum dos problemas com que o País se confronta como os agravará a todos.

 

Propostas apagadas

 

Já que estamos no campo daquilo que não se diz, não haverá melhor exemplo do que o apagamento quase total que sofrem as propostas do Partido. Sobretudo as que abalam frontalmente os fundamentos da política de direita e materializam a possibilidade de um novo rumo e de uma nova política.

Tal como sucedeu aquando da sua apresentação, as iniciativas realizadas no âmbito da campanha Portugal a Produzir estão a ser ignoradas pelos media. Na semana passada, Jerónimo de Sousa participou num comício em Montelavar, no concelho de Sintra, onde defendeu o aproveitamento dos recursos geológicos e minerais do País. Não esteve lá qualquer estação de televisão ou de rádio.

Poucos dias depois, o Secretário-geral do PCP voltou à região, desta vez para visitar várias empresas de mármore e rochas ornamentais e reafirmar que, com os devidos apoios públicos, este sector pode dar um importante contributo à economia nacional. Mas os jornalistas presentes estavam apenas instruídos para recolher depoimentos sobre uma qualquer questão da agenda mediática.

O mesmo se passou no sábado, durante a jornada de Jerónimo de Sousa pelo Alentejo. Das propostas adiantadas para o aumento da produção agrícola – fundamental para combater o défice agro-alimentar e assegurar a soberania do País – nada foi publicado. Apenas as declarações sobre o Orçamento do Estado e os arrufos entre PS e PSD..



Mais artigos de: PCP

Garantir a soberania alimentar

Uma nova Reforma Agrária é essencial para inverter o défice alimentar e assegurar a soberania do País, defendeu Jerónimo de Sousa no dia 9, em várias iniciativas realizadas no Alentejo no âmbito da campanha Portugal a Produzir.

Denunciar injustiças, mobilizar para a luta

Em diversas acções realizadas por todo o País, no dia 8, o PCP contactou com milhares de pessoas, denunciando os novos sacrifícios impostos pelo Governo e afirmando as suas propostas.

Sanções são «cruzada» contra soberania

O PCP emitiu um comunicado, através do seu Gabinete de Imprensa, logo que foram tornados públicos os acordos da task force do Conselho Europeu relativamente à chamada «governação económica» e anunciadas as medidas da Comissão Europeia, no mesmo sentido. Nesse...

Defender a liberdade de expressão

Os comunistas de Almada repuseram novamente os murais que tinham sido vandalizados. Ao longo de duas noites, dezenas de militantes deitaram mãos à obra e não só repararam os cinco murais destruídos como lhe acrescentaram outros. Em alguns casos, os murais...

Protesto no Porto

O PCP promoveu, no dia 7, uma acção de protesto no Porto, junto à Casa da Música, no momento em que no seu interior se realizava um encontro no âmbito da COTEC, que reunia grandes patrões de Portugal, Espanha e Itália. Apadrinhado pelos chefes de...

PCP cresce em Palmela

Por uma célula rumo ao futuro foi o lema da IX Assembleia da Célula dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Palmela, realizada a 25 de Setembro. Da análise ao trabalho desenvolvido desde Março de 2006 (altura em que se realizou a assembleia anterior) sobressai a reacção...

Portugal no Conselho de Segurança da ONU

«A eleição de Portugal para membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a assumpção das responsabilidades que daqui decorrem devem, na opinião do PCP, estar vinculadas aos princípios constitucionais de respeito pela...

São Pedro da Cova

A Comissão de Freguesia de São Pedro da Cova do PCP está a apelar à adesão dos trabalhadores e do povo daquela freguesia de Gondomar para que adiram ao Partido. Lançada em Agosto, aquando da Festa da Unidade que o Partido realiza anualmente na...