Sanções são «cruzada» contra soberania
O PCP emitiu um comunicado, através do seu Gabinete de Imprensa, logo que foram tornados públicos os acordos da task force do Conselho Europeu relativamente à chamada «governação económica» e anunciadas as medidas da Comissão Europeia, no mesmo sentido. Nesse comunicado, os comunistas consideram que o reforço de sanções configura uma autêntica «cruzada contra a soberania dos povos e contra os Estados-Membros da União Europeia com economias mais frágeis». As situações económicas e sociais mais frágeis destes países decorrem, no entender do PCP, do «impacto catastrófico das políticas neoliberais da União Europeia que têm no Pacto de Estabilidade um dos seus pilares».
Estas medidas vêm ainda pôr em causa o discurso da «coesão» e da «solidariedade». O caminho que o Conselho e a Comissão apontam vai precisamente em sentido oposto, salienta o Partido – o caminho do «endurecimento de sanções, que só agravarão toda a situação actual, contribuindo para a recessão económica e para o aumento das desigualdades entre países, agravando as injustiças sociais, o desemprego e a pobreza».
Para o PCP, as medidas divulgadas demonstram ainda a «estratégica comandada pelos grupos económicos e pelo directório das grandes potências, nomeadamente a Alemanha, de concentração e centralização do poder económico». A coexistência de elevadas taxas de crescimento em economias como a alemã, à custa dos países com economias mais frágeis e dependentes, alvos de pressões e chantagens, confirmam esta estratégia.
Do Governo português, os comunistas deploram a disponibilidade manifestada para discutir tais sanções (manifestada pelo Secretário de Estado das Comunistas Europeias), numa postura de «abdicação nacional» e de «seguidismo relativamente aos dogmas do neoliberalismo na União Europeia». Na prática, esta postura representa as «políticas de austeridade», que fazem recair sobre os trabalhadores e os que menos têm a factura da crise.
Ao protestar contra as propostas de novas sanções por parte da União Europeia e contra a postura do Governo português, o PCP afirmava que o que a situação exige «não é a repetição e reforço das políticas que estão na origem da actual crise económica e social, mas sim a adopção de uma verdadeira política de coesão económica e social».