Os comunistas da Madeira promoveram, recentemente, um colóquio sobre maus tratos a crianças, que contou com a participação de Catalina Pestana, Álvaro Carvalho, Pedro Namora e Edgar Silva – oradores que não só conhecem o problema na teoria mas que conviveram de perto com esta dramática realidade. O primeiro orador foi Edgar Silva, que lidou de perto com o problema da prostituição infantil e pedofilia no âmbito do Movimento Apostolado da Criança (MAC) e na Escola Aberta. O membro do CC do PCP distinguiu estes dois conceitos, muitas vezes confundidos: se a pedofilia não escolhe meios culturais ou classes sociais, a prostituição infantil é essencialmente um mal que atinge as classes mais desfavorecidas.

O psiquiatra Álvaro Carvalho fez uma abordagem mais teórica do que podem ser as vários formas de maus tratos a crianças – desde a negligência aos maus tratos físicos, psicológicos ou emocionais. No caso dos abusos sexuais, o médico referiu-se à dificuldade em serem provadas pelas vítimas e consequente consumação da justiça.

Pedro Namora, ex-aluno da Casa Pia, falou dos casos de pedofilia na instituição e da posição dos culpados e das vítimas no processo judicial. Realçou a injustiça em relação a estes casos, onde na maioria das vezes as crianças vítimas de abusos são desacreditadas e rotuladas de mentirosas – o que leva a que muitas das crianças abusadas permaneçam no silêncio e guardem para si a sua dor e sofrimento.

Catalina Pestana, por fim, abordou a exploração do trabalho infantil em Portugal, defendendo uma escola democrática para massas, que se adapte às necessidades das crianças e jovens. Catalina Pestana, que trabalhou no programa de erradicação do trabalho infantil, lembrou as suas conclusões: cerca de 43 mil menores eram explorados.