Emigrantes indignados e revoltados
A política do Governo para o ensino da língua e cultura portuguesas no estrangeiro e os planos para o encerramento de serviços consulares estão a indignar e a revoltar as comunidades portuguesas, que prometem prosseguir a luta.
Em Zurique, no domingo, quase duas centenas de portugueses a residir e a trabalhar na Suíça fizeram sentir a sua indignação junto do Secretário de Estado. Surpreendido pela iniciativa, José Cesário não justificou o despedimento de 20 professores a meio do 1.º semestre, nem adiantou qualquer solução para as consequências que a medida terá na vida de mais de duas mil crianças e jovens, relata a associação de pais local.
De acordo com aquela estrutura, o fim do ensino da língua e cultura portuguesas em 72 países, decidido pelo executivo PSD/CDS com o apoio do Instituto Camões, vai deixar no desemprego 1691 docentes e cerca de 155 mil portugueses e luso-descententes impossibilitados de estudar a língua e cultura maternas.
Os encarregados de educação alertam ainda para a tentativa de os arredar do processo. No mesmo dia em que José Cesário se deslocou a Zurique, três dezenas de pais foram impedidos de participar numa reunião sobre a matéria, a qual, explicam, «souberam por portas e travessas», não tendo sido convocados como deveriam.
Em Osnabrück, na Alemanha, também no dia 10 de Dezembro, a comunidade pertencente à área do vice-Consulado de Portugal ficou a saber que aquele serviço só funcionará regularmente até ao próximo dia 13 de Janeiro, e que o seu encerramento definitivo está decidido.
Em comunicado, o «Grupo Osnabrück Não Desiste» acusa o Ministério dos Negócios Estrangeiros de falta de transparência e rigor nos critérios subjacentes ao encerramento de Consulados e vice-Consulados, e anunciou o início da recolha de assinaturas para obrigar a Assembleia da República a discutir o assunto, iniciativa para a qual, garantem, têm o apoio da maioria dos 23 mil cidadãos nacionais que residem em Osnabrük e de todos os portugueses da área de Düsseldorf.