Contra a cavalgada militarista
O PCP acusou o Governo e as potências ocidentais de prosseguirem uma orientação que alimenta a «escalada belicista» no Médio Oriente, defendendo que a região o que precisa é de «uma política que elimine e resolva os conflitos e não de uma política que os agrave».
Esta posição do Grupo Parlamentar do PCP, pela voz do seu líder, Bernardino Soares, foi expressa na passada semana em reacção a uma declaração política do deputado do CDS-PP José Lino Ramos que levou a plenário a questão Síria para fazer uma apologia das sanções económicas contra aquele país e, inclusive, da intervenção externa militar.
O presidente da formação comunista, depois de frisar que o PCP é «contra todo o tipo de violência na Síria», acusou o CDS-PP de ignorar deliberadamente que esta tem «várias origens» – «existem comprovadamente grupos armados ao serviço de potências regionais e de grandes potências internacionais, que estão a intervir naquele território», observou –, sublinhando que ao partido de Paulo Portas e ao Governo «não é isso que interessa mas sim legitimar mais uma intervenção militar, como aconteceu na Líbia».
«É isso que vos está no horizonte», prosseguiu Bernardino Soares, não sem antes ter igualmente interpretado como «curioso» o facto de o deputado do CDS-PP ter suscitado uma questão desta importância e nada ter dito sobre «os gravíssimos problemas que há décadas flagelam o Médio Oriente», nomeadamente a questão da Palestina e a agressão e ocupação por Israel.
Aludindo aos ímpetos intervencionistas do CDS-PP, Bernardino Soares fez também notar que «as bombas nunca trouxeram democracia, nunca trouxeram progresso a lado nenhum», dando como exemplo mais recente a Líbia, que entretanto já «foi esquecida».
A este propósito, chamou a atenção para o facto de o ministro dos Negócios Estrangeiros, na última reunião em que esteve presente na comissão parlamentar, não ter respondido a nenhuma questão sobre aquele país.
«A Líbia desapareceu. Sabe o que está a acontecer na Líbia, o tal país que também justificou esta cavalgada militarista como estão a querer fazer na Síria?», indagou o líder parlamentar do PCP, dirigindo-se ao deputado do CDS-PP, a quem lembrou ainda que aquele país «continua a ferro e fogo, apesar de já não estar nas primeiras páginas dos jornais, mas onde já estão 12 mil soldados norte-americanos para proteger a extracção do petróleo, que era afinal a intenção “democrática” para a intervenção naquele território».
«E o que fizeram na Líbia querem agora fazer na Síria», denunciou, em síntese, o presidente do Grupo Parlamentar do PCP, numa crítica severa à acção bélica das potências ocidentais, que o PCP denuncia e rejeita.