Com o pé firme na luta
Com o desemprego elevado e a crescer, com a precariedade a destruir a autonomia e os sonhos, a manifestação nacional da juventude trabalhadora trouxe para as ruas de Lisboa, no dia 27 de Março, a exigência de trabalho e direitos, que só outra política e outro Governo poderão satisfazer, mostrando alegria e confiança assentes na acção e na luta de todos.
Os jovens precisam de outra política e outro Governo
Evocando os tempos difíceis que, há 66 anos, deram origem ao Dia Nacional da Juventude (28 de Março), trabalhadores jovens de todo o País, de diferentes sectores de actividade e com diversas situações laborais, responderam ao apelo da Interjovem/CGTP-IN e levaram, desde a baixa de Lisboa até junto da residência oficial do primeiro-ministro, os seus protestos, reivindicações e propostas, unidos no lema desta jornada: «Queremos trabalho, exigimos direitos! Na rua para os pôr na rua!»
«Hoje, tal como no passado, temos todas as razões e vários exemplos para saber que a luta vale a pena», começou por salientar Anabela Laranjeira, na intervenção que fez, em nome da Interjovem, no final da manifestação, junto ao palácio de São Bento. A jovem dirigente da CGTP-IN enumerou «as razões da nossa luta de todos os dias – o trabalho com direitos, o direito a uma vida feliz, a um país desenvolvido, o direito e o dever de estarmos com todos os trabalhadores pelo fim da exploração que este Governo, pondo em prática a política dos patrões, nos está a impor».
Tal como durante o percurso, desde a Rua do Carmo, pelo Chiado, Camões e Calçada do Combro, até à Calçada da Estrela, em faixas, cartazes e palavras de ordem, foram denunciados na intervenção os traços da actual situação dos jovens: mais de 40 por cento estão desempregados e mais de 60 por cento não ganham o suficiente para terem uma vida autónoma; mais de 65 mil emigraram; jovens qualificados e com experiência, que todos os dias provam ser necessários em empresas e serviços, ficam sem trabalho, ou em longos períodos de estágios; trabalhadores-estudantes e filhos de trabalhadores são forçados a abandonar o ensino; aumentam os obstáculos no acesso à cultura, ao desporto e à vida para além do trabalho, devido a salários insuficientes e horários desregulados. Mas muitos «lutam e obtêm vitórias».
«Colocar as conquistas de Abril no centro das nossas exigências, envolver mais jovens trabalhadores, sindicalizar os colegas de trabalho, numa ampla campanha de esclarecimento, é o caminho que escolhemos para derrotar aqueles que nos querem mais desunidos e explorados», afirma-se na moção, colocada à aprovação após a intervenção de Arménio Carlos, Secretário-geral da Intersindical. No imediato, o apelo foi dirigido à ampla participação nas iniciativas da «Marcha contra o Empobrecimento». Mas, pouco mais adiante, «no 25 de Abril e no 1.º de Maio, seremos parte activa na construção de grandes manifestações e concentrações», prometeram os manifestantes.
Na manifestação, integrou-se uma delegação do PCP, com Paulo Raimundo, da Comissão Política, e Rita Rato, deputada. No final, em São Bento, esteve também João Oliveira, deputado e membro do Comité Central.