Uma vitória... Nossa!
Na terça-feira de manhã o «inabalável» Gaspar já não estava no Governo e isso suscitou um sorriso em todos os que encontrei e com os quais troquei impressões sobre a notícia. Senti nesses rostos um alívio, mas simultaneamente orgulho. Perguntei-me porquê. Afinal o governo não tinha caído, a política continuava a mesma e a nova ministra é a secretária do ex-ministro, envolvida num escândalo de negociata de SWAPS.
A resposta surgiu bem na minha frente! Tosca porque feita durante a noite, mas bonita, colorida e profundamente genuína. Uma faixa colocada em frente a um Call Center, onde trabalham centenas de precários, dizia:«A primeira vitória da Greve Geral foi derrubar Gaspar. O próximo é o Governo. A Luta Continua.» Ao lê-la vieram todas as respostas às minhas perguntas e também recordações.
Recordei a grandiosa Greve Geral, os piquetes e as duas noites sem dormir de vários camaradas; as duas semanas antes com a exemplar luta dos professores; a manifestação de mais de 1500 pessoas na Marinha Grande em defesa do SAP; as centenas de pessoas que a 22/6 em Alcobaça exigiram a demissão dos Ministros que ali se reuniam. Recordei o dia 25 de Maio e a Manif em Belém; as manifestações dos Agricultores, da Função Pública, dos Estudantes e muitas outras acções do notável percurso de luta do povo português. A resposta estava ali! A queda de Gaspar - não uma remodelação governamental, mas sim um desmoronamento do Governo - é fruto da luta dos trabalhadores e do povo, e é por isso que estão orgulhosos. É fruto da sua determinação, coragem e persistência.
Nessa manhã recordei duas imagens: uma trabalhadora do Hospital de Leiria que com um sorriso e orgulho enormes me disse: «Claro que faço greve! Vamos correr com o Passos e o Gaspar!» e os jovens trabalhadores de uma empresa da indústria química de Leiria, que depois de fazerem Greve Geral se deslocaram quilómetros para com um sorriso enorme e em festa integrarem a manifestação da CGTP na Marinha Grande. Foram estes que correram com Gaspar! Serão eles, nós, e a nossa unidade e convicção de que vale a pena lutar que, mais cedo que tarde, irão correr com o Governo, a Troika e a política de direita!