População enganada
A Comissão de Utentes dos Transportes e o Movimento «Mais Saúde» realizaram, no dia 24 de Novembro, uma reunião com a população para debater os problemas que persistem e se agravam no acesso aos cuidados de saúde, em que se inclui, de forma particular, as dificuldades de acesso ao Hospital de Loures.
Na iniciativa, os utentes de Odivelas aprovaram duas moções e agendaram para o dia 14 de Dezembro uma acção de protesto. Na moção «Por mais e melhores transportes para o Hospital de Loures» (Hospital Beatriz Ângelo) refere-se que «a abertura do Hospital não foi acompanhada pela adequação da rede de transportes públicos, de forma a garantir o acesso da população» do concelho de Odivelas, com mais de 144 mil habitantes.
«Os transportes são pouco, são caros, têm horários desadequados, terminam muito cedo e deixam as pessoas longe da entrada do Hospital. Salvo raras excepções, a população do concelho de Odivelas tem que apanhar pelo menos dois transportes, ou então fazer o percurso a pé», denunciam no documento os utentes, informando que os custos para uma deslocação de ida e volta, adquirindo o bilhete a bordo, podem chegar aos 10,90 euros, ou mesmo ultrapassar os 15 euros nas situações em que é necessário usar três carreiras. Usando bilhetes pré-comprados e utilizando duas carreiras o custo é de 5,40 euros, mas, como os valores do carregamento do cartão são de cinco, dez, 15 ou 20 euros, as pessoas são obrigadas a fazer o carregamento com, pelo menos, 10 euros.
«O acesso ao Hospital e os seus custos foi agravado com o encurtamento da carreira 204 que, desde Abril, passou a ficar em Loures, obrigando a apanhar outra carreira e consequentemente pagar mais um bilhete», acrescenta o documento onde se reclama a «criação de carreiras directas com entrada no recinto do Hospital», o «prolongamento do horário nocturno», a «criação de um título de transporte próprio para acesso ao Hospital com custos mais baixos que os actuais», o «alargamento da coroa do passe L1 até ao Hospital» e a «reposição do percurso da carreira 204».
Defender direitos
Na moção «Por melhores cuidados de saúde», os utentes de Odivelas contestam a diminuição de médicos de família, enfermeiros e outros profissionais de saúde, e reclamam a construção do novo centro de saúde, «prometido há décadas» mas que «continua por construir». «Contratos assinados, protocolos e promessas não faltam, ano após ano, mais do mesmo, mas o terreno continua apenas a servir como parque de estacionamento improvisado», lamenta-se na moção, onde se destaca que «em vez de construírem os equipamentos necessários, pelo contrário, ainda retiram condições, serviços e unidades de saúde à maior freguesia, que é a sede do concelho, com mais de 60 mil habitantes».
No documento dá-se ainda conta do encerramento da unidade de saúde da Rua dos Bombeiros Voluntários, tendo 30 mil utentes sido transferidos para a Freguesia da Ramada, sem uma rede de transportes adequada, e salienta-se que a população de Odivelas foi enganada com o CATUS, quando, em 2011, este serviço foi transferido para a Freguesia da Póvoa de Santo Adrião, num dos extremos do concelho.
A estes junta-se ainda a transferência da Direcção da ACES (Agrupamento dos Centros de Saúde) para Sacavém e a perda da Unidade de Saúde Pública e do Gabinete do Utente. «A população de Odivelas não pode continuar a ser enganada e prejudicada desta forma indigna e perante o silêncio cúmplice da gestão PS/PSD que continua na Câmara de Odivelas», destacam os utentes que, nesta matéria, exigem a «construção imediata do centro de saúde na cidade de Odivelas», o «regresso imediato do CATUS» e «condições dignas de acesso aos cuidados de saúde, com o aumento do número de médicos e enfermeiros e o reforço de todos os profissionais de saúde».