O PARTIDO NAS EMPRESAS

Vitórias arrancadas ao capital estimulam acção reivindicativa

Os trabalhadores da Apapol cumpriram, a 14 de Outubro, um ano de greve ao trabalho ao sábado, protesto levado a efeito em defesa do direito a mais um dia de descanso complementar, conforme, aliás, é reconhecido no contrato colectivo que, também pela luta, conseguiram impor.

O PCP não esqueceu a coragem, a firmeza e a determinação dos trabalhadores da panificadora, situada em Oeiras, no distrito de Lisboa, e em comunicado da célula saudou fraternalmente «todos os que resistem», lembrando, além do mais, que «será pela luta, mais uma vez, que verão conquistadas as suas reivindicações».

A vitória alcançada com a conquista da convenção colectiva de trabalho foi determinante no desencadear da consciência (i) e, bem assim, da acção reivindicativa na Apapol. Neste momento, os trabalhadores exigem que a administração cumpra o estabelecido: dois dias de descanso semanal, e não apenas um. O patronato, por seu lado, «limita-se a confirmar a sua presença em reuniões com o sindicato», às quais «acaba sempre por adiar ou simplesmente a não comparecer», pelo que, «confrontados com esta postura, os trabalhadores, cientes de que a razão está do seu lado, vão continuar a luta», garante-se também no documento da organização do Partido na empresa.

«Os trabalhadores decidiram apresentar queixa junto da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e do tribunal, denunciando a situação e exigindo o cumprimento da lei e do contrato colectivo de trabalho», esclarece-se ainda no comunicado dos comunistas na Apapol, onde, além da reclamação do dia de descanso complementar, a a luta é agora em torno do respeito pelas categorias profissionais e progressões na carreira, contra as discriminações salariais – através de aumentos discricionários, a administração procura minar a unidade laboral, usando desta forma uma velha táctica do capital para dividir o proletariado –, pela melhoria das condições de higiene e segurança no trabalho, razão pela qual, de resto foram igualmente entregues denúncias à ACT e à ASAE. Pese embora só em 2016 tenham ocorrido 20 acidentes de trabalho graves na Apapol, «até agora não houve qualquer resposta» por parte daquelas entidades.

Para além da notável luta na Apapol, o Sector de Empresas da Concelhia de Oeiras do PCP regista, na última edição do seu boletim, «O Bugio», o prosseguimento de outra acções reivindicativas. De carácter circunscrito à sua área de intervenção, como o triunfo dos trabalhadores na Seda Ibérica que após oito dias de paralisação, «mesmo sob fortes pressões, chantagens e assédios», arrancaram «aumentos salariais, o acordo em relação a novos horários e o pagamento de todos os subsídios de turno em atraso»; ou de natureza convergente com expressão local, caso da batalha dos trabalhadores da grande distribuição que se têm lançado na luta. Nesse sentido, «O Bugio» assinala as concentrações realizadas no Pingo Doce de Sassoeiros e na loja do Minipreço em Paço de Arcos, nas quais se aliaram reclamações próprias à luta mais geral contra a sobre-exploração e pela negociação do contrato colectivo de trabalho.

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(i) No sentido do conceito de «consciência para si», desenvolvido por K. Marx e F. Engels em «A Ideologia Alemã», obra na qual os fundadores do socialismo científico explicam que os indivíduos só formam verdadeiramente uma classe quando aliam a consciência da sua condição de exploração ao compromisso da luta comum contra a classe dominante, e que nas relações de produção que são forçados a integrar, a tomada subjetiva de consciência não é um mero reflexo da situação objetiva em que se encontram e em que identificam os seus semelhantes.




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