Tensões sobem na península coreana
O gabinete de ligação entre a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) e a República da Coreia foi destruído na terça-feira, 16, uma semana depois de Pyongyang ter interrompido as comunicações telefónicas com Seul e num ambiente de renovadas tensões na península coreana.
O Ministério da Unificação sul-coreano informou que às 14:49 de terça-feira (hora local) foi ouvida uma explosão na localidade fronteiriça de Kaesong. Mais tarde, foram divulgadas pela imprensa imagens mostrando uma enorme nuvem de fumo nesse lugar.
Segundo o ministério, a RPDC fez explodir o gabinete de ligação inter-coreano. Depois disso, os militares sul-coreanos reforçaram a sua vigilância na zona fronteiriça.
Seul convocou uma reunião governamental urgente para analisar os acontecimentos, expressou «profundo pesar» e disse que responderá firmemente contra qualquer provocação militar.
Antes disso, o Exército da RPDC indicou num comunicado que observa de perto a actual deterioração das relações Norte-Sul e assegurou estar pronto para implementar rapidamente e garantir «qualquer medida externa tomada pelo partido e o governo».
As tensões na península coreana subiram de tom nos últimos dias e a RPDC decidiu cortar todo o tipo de comunicação telefónica com a República da Coreia, em resposta ao contínuo envio de panfletos com mensagens hostis a partir do Estado vizinho.
O referido corte implicou o cessar de intercâmbios a partir do gabinete de ligação na fronteira comum, da linha directa entre o Partido dos Trabalhadores e o gabinete presidencial sul-coreano e das linhas militares.
Seul, por sua parte, na semana passada, apresentou um recurso legal contra os grupos civis envolvidos no lançamento da propaganda contra a RPDC, apresentando contra eles queixas de violação do acordo de cooperação e intercâmbios inter-coreanos e cancelando o seu reconhecimento.
Planos falhados
Tanto a desnuclearização da península como a reaproximação entre as duas Coreias estão em pausa desde a falhada cimeira no Vietname entre o líder da RPDC, Kim Jong-un, e o presidente dos EUA, Donald Trump, em Fevereiro de 2019. No ano anterior houve progressos, destacando-se, em especial, que o Norte suspendeu os seus ensaios nucleares e balísticos, enquanto o Sul parou com a propaganda hostil. Pyongyang critica a atitude ambígua de Seul, que se mostrava a favor de dar um impulso aos laços bilaterais mas sem «incomodar» os EUA nem levantar as sanções unilaterais.
Entretanto, numa declaração de 15 de Junho, o ministro dos Negócios Estrangeiros da RPDC, Ri Son Gwon, recorda os passos dados pelo seu país em nome do desanuviamento das relações com os EUA, questionando o que efectivamente foi feito pelo outro lado: não só a República Popular Democrática da Coreia se mantém na lista de alvos de um eventual ataque nuclear «preventivo» dos EUA, como são frequentes os exercícios militares conjuntos com a República da Coreia e se mantém o esforço para isolar e sufocar a RPDC. Os Estados Unidos da América, garante o governante, «continuará a ser, como sempre foi, uma ameaça de longo prazo contra o nosso estado, o nosso sistema e o nosso povo».