Síria entre diplomacia da Rússia e «terrorismo» dos EUA

SOLUÇÃO Os líderes da Rússia, Turquia e Irão poderão reunir-se, por vídeoconferência, antes de Agosto, para procurar avançar com uma solução política para a Síria. Entretanto, entraram em vigor novas sanções dos EUA contra o povo sírio.

Washington impõe mais sanções económicas contra Damasco

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, anunciou na terça-feira, 16, em Moscovo, a possibilidade da realização de uma cimeira do trio do diálogo inter-sírio de Astaná. Explicou que nessa cimeira, antes da reunião do Comité Constitucional da Síria, prevista para Agosto próximo, poderia participar também o enviado especial do secretário-geral da ONU para a Síria, Geir Pedersen.

Lavrov falava no decorrer de uma reunião na capital russa com o seu homólogo iraniano, Jabad Zarif, a primeira realizada pelo ministro russo desde o início das medidas de contenção adoptadas contra a pandemia de COVID-19.

Durante as conversações russo-iranianas desta semana, em Moscovo, confirmou-se que não existe alternativa aos acordos alcançados durante o processo de negociações no formato de diálogo inter-sírio em Astaná (nome da antiga capital da Cazaquistão), incluindo os aspectos relacionados com a luta antiterrorista. Estes esforços devem decorrer «no respeito pela soberania e integridade territorial da Síria», sublinhou o chefe da diplomacia russa.

As duas partes abordaram também as tarefas para garantir a estabilidade na Síria e assuntos pendentes ligados ao regresso de refugiados e deslocados internos, assim como o fornecimento de ajuda humanitária às pessoas necessitadas no país árabe.

O Comité Constitucional foi proposto no Congresso do Diálogo Nacional Sírio, realizado a 30 de Janeiro de 2018, na cidade costeira russa de Sochi, com a participação de mais de dois mil delegados de diferentes etnias, grupos religiosos e políticos da Síria. As sessões de Novembro passado em Genebra do referido comité deveriam avançar na elaboração ou modificação da Constituição da Síria.

No início desta semana, os ministros russos dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, e da Defesa, Serguei Shoigu, deslocaram-se à Turquia para efectuar consultas com os seus homólogos turcos sobre «assuntos regionais de mútuo interesse», incluindo a guerra na Síria e os conflitos internos na Líbia.

«Terrorismo económico»

Entrou em vigor na quarta-feira, 17, a ­Lei César, aprovada unilateralmente pelos Estados Unidos da América, e que prevê sancionar Damasco e as empresas que trabalharem com a Síria. Medidas ilegais e desumanas que agravarão ainda mais as dificuldades do povo sírio.

A Síria começa a enfrentar novas e duras sanções norte-americanas, com a entrada em vigor da Lei César, mais uma tentativa da parte da administração dos EUA para privar Damasco de recursos vitais.

As medidas punitivas impostas por Washington – não lhe chegando ter desencadeado desde há nove anos a cruel guerra contra a Síria, armar e financiar grupos terroristas, estabelecer ilegalmente bases militares em território sírio e saquear petróleo do país árabe – implicam, nomeadamente, o congelamento da ajuda internacional à reconstrução do país e a aplicação de sanções contra Damasco e contra as empresas que trabalham com o governo sírio. A lei visa também entidades russas e iranianas que cooperam com as autoridades sírias.

A diplomacia síria condenou em diversas ocasiões a iniciativa norte-americana, sublinhando que as sanções não farão mais do que agravar as dificuldades com que se confrontam os sírios. No princípio de Junho, a agência SANA citava uma fonte governamental que «condenava firmemente o reforço de medidas coercivas impostas pela administração norte-americana» e qualificava tais sanções de «terrorismo económico».

A mesma fonte atribuía a Washington, com a aprovação da Lei César – baseada em «mentiras e suposições» –, a «responsabilidade essencial no sofrimento dos sírios no que diz respeito ao seu sustento». Mas, para o governo sírio, «os esforços concertados dos sírios para proteger a economia nacional garantirão o fracasso dos efeitos destas medidas».




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