Relações conturbadas entre União Europeia e Turquia

O alto representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Josep Borrel, considerou que a relação entre o bloco europeu e a Turquia está longe de ser a ideal e explicou que a sua presença em Ancara, esta semana, procurou fazer baixar tensões nos dois lados.

Falando na segunda-feira, 6, na capital turca, num encontro com jornalistas, depois de reunir-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Cavusoglu, Borrel comentou que o Mediterrâneo Oriental é uma região sensível para a UE, pelo que, ali, a estabilidade e as boas relações entre vizinhos são importantes.

Tais palavras aludem a diferenças entre Bruxelas e Ancara em torno da situação na Líbia, a propósito da assinatura pelo governo turco de um convénio com a auto-proclamada República do Norte de Chipre (na zona da ilha ocupada pela Turquia) e o Governo de Acordo Nacional líbio, reconhecido pela ONU, sobre a delimitação de águas territoriais no Mediterrâneo Oriental.

O alto representante da UE pediu ao presidente Recep Erdogan, em finais de Junho, que ponha fim às explorações de gás em águas da plataforma continental de Chipre mas Ancara não respondeu à solicitação. No encontro desta semana a questão não terá sido colocada. A Turquia insiste que ninguém deve beneficiar das reservas de gás antes de uma solução para a situação da ilha de Chipre dividida.

Do seu lado, Cavosoglu declarou que a UE deveria ser parte da solução e não do problema e comentou que a Grécia actua como o único dono da ilha de Chipre, com o consentimento de Bruxelas. «Se a UE se manifestar como um intermediário justo e equidistante, podemos trabalhar em conjunto», afirmou aos jornalistas.

Em relação ao conflito na Líbia, o ministro turco acusou a França, país membro da UE, de não actuar com sinceridade ao apoiar o general Khalifa Haftar contra o governo de Trípoli, reconhecido pela UE e pelas Nações Unidas e que a Turquia suporta militarmente.




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