A luta está a fazer-se todos os dias
Os comunistas tudo farão para que a greve geral do próximo dia 24 de Novembro seja um êxito, garantiu Jerónimo de Sousa no comício realizado no sábado em Ovar.
Os comunistas estão empenhados em construir a unidade
O comício de Ovar foi, à semelhança do que tem acontecido nas iniciativas do PCP, uma combativa manifestação de um colectivo profundamente empenhado na luta que os trabalhadores e o povo estão a opor às medidas do Governo e da troika. Uma luta que sobe de tom e que congrega cada vez mais sectores e camadas sociais.
Perante os mais de 250 militantes e simpatizantes do Partido que participaram no comício, Jerónimo de Sousa realçou que a luta «está a fazer-se todos os dias e por todo o País», o que constitui um contributo para «intensificar e alargar a luta que nos há-de conduzir à grande greve geral marcada para 24 de Novembro». Uma jornada que, acredita o dirigente comunista, será uma «grande luta e uma luta indispensável para projectar as outras lutas que se seguirão». Na sua preparação, organização, mobilização e realização, os militantes comunistas «tudo farão» para que a greve geral seja um «grande êxito», garantiu Jerónimo de Sousa.
Construir a unidade
O apelo para que os trabalhadores «convirjam numa cada vez mais vasta corrente de protesto contra esta política e de luta pela rejeição do pacto de agressão e as suas medidas» foi uma vez mais reafirmado por Jerónimo de Sousa. Os tempos que vivemos, realçou, exigem um «redobrado esforço na construção da unidade e da solidariedade entre todos os trabalhadores na defesa dos seus direitos e das suas conquistas».
Se da parte do grande capital e dos seus acólitos instalados no poder só se podem esperar apelos e acções destinadas a semear a divisão – «eles sabem que a divisão é o seu trunfo» –, os trabalhadores devem unir-se, pois esta unidade é a «condição da nossa vitória que é a vitória do nosso povo. Da vitória dos que lutam contra a exploração, dos que não abdicam do direito a uma vida digna num Portugal de progresso».
É precisamente na construção desta unidade que os comunistas estão empenhados, garantiu Jerónimo de Sousa, acrescentando que o PCP trabalha para «desenvolver e fortalecer um amplo movimento unitário que convoque todos os democratas e patriotas para a convergência e a acção geral pela rejeição do pacto de agressão das troikas da ingerência e da submissão». Um movimento que deverá ter como objectivos centrais «salvar o País, travar as injustiças, o desemprego e o empobrecimento dos portugueses».
Cresce a exploração e a luta
Antes do Secretário-geral do Partido, e depois da actuação musical de Manuel Pires da Rocha, Miguel Viegas, do Executivo da Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP denunciou o agravamento das condições de vida no distrito em consequência da aplicação do pacto de agressão. «Aumentam as falências na indústria e serviços e o abandono das actividades agrícolas e cresce a precariedade e o desemprego», afirmou o dirigente regional do PCP. Pelas contas dos comunistas, o desemprego atingirá já, no distrito, os 65 mil trabalhadores.
Ao mesmo tempo, acusou, os direitos dos trabalhadores são espezinhados em muitas empresas do distrito. São disso exemplos o despedimento colectivo na A. S. Pereira ou a imposição de «ritmos de trabalho intoleráveis» na Yazaki, para além de despedimentos de centenas de trabalhadores precários ou efectivos, paragens de produção para o banco de horas, imposições inaceitáveis de horários e de processos de lay-off. Miguel Viegas acusou ainda o Governo de fechar e degradar importantes serviços públicos, como postos de Correios, escolas ou centros de Saúde.
Como é evidente, nada disto se passa sem que os trabalhadores e o povo resistam e lutem. Para além das lutas em defesa dos serviços públicos, o dirigente regional do Partido sublinhou a participação de «muitas centenas de trabalhadores deste distrito na acção que teve lugar no Porto», a 1 de Outubro, e a manifestação dos agricultores levada a cabo no dia 26.
Há alternativa
Em Ovar, Jerónimo de Sousa voltou a insistir na ideia de que o País «não está condenado» e que com uma política patriótica e de esquerda «é possível um Portugal mais desenvolvido, justo e soberano». O pacto de agressão, sublinhou, é precisamente a «negação da política de que o País precisa».
Em alternativa, garantiu o Secretário-geral do PCP, é necessária uma nova política, ao serviço do povo e dos interesses nacionais. Uma política que tenha como eixos centrais: a promoção da produção nacional e do emprego; o aumento dos salários e das pensões; o reforço do investimento público e do sector empresarial do Estado nos sectores básicos e estratégicos; o apoio às micro, pequenas e médias empresas; a valorização dos serviços públicos e funções sociais do Estado; uma mais justa política fiscal, que efectivamente tribute os grandes lucros, as fortunas e a especulação.
A terminar, Jerónimo de Sousa afirmou que o povo português está confrontado com um dilema: «ou se conforma com a destruição do seu presente e futuro, ou se levanta, ergue barreiras de resistência e de luta que derrotem cada uma das medidas do Governo, da União Europeia e do grande capital».