Os Plátanos de Barcelona

Barcelona, 1947: cinzenta, triste, sob a «ordem» dos vencedores, a miséria e o terror, a moral e os bons costumes impostos a golpes de tesoura e lápis azul. Todos os povos de Espanha perderam a guerra. Os catalães perderam-na um pouco mais. Não foi só a liberdade fuzilada. Foi também a negação da sua identidade nacional, a proibição da sua língua e cultura, a agressão constante de um idioma estrangeiro.

Através do confronto entre a língua da narração e o castelhano e de uma técnica narrativa que lhe permite traçar um amplo quadro de ambientes e situações, Víctor Mora recria com eficácia em Os Plátanos de Barcelona um momento na história da Catalunha. Sob as árvores que são um verdadeiro símbolo da cidade, acompanhamos a vida de Lluís Martí, uma criança cheia de sonhos, alimentados pelo seu encanto pela literatura, cinema e banda desenhada, mas consciente das feridas profundamente rasgadas pela fome e pelo medo.

A obra foi publicada pela primeira vez em francês, numa tradução do autor, em 1966. Seria editado em romeno, alemão e castelhano antes de conhecer uma edição catalã, da qual a censura cortou 40 páginas, em 1972. Só em 1976 pôde ser publicada integralmente.

Víctor Mora nasceu em Barcelona em 1931. Depois do exílio em França, com a derrota da República na Guerra Civil, regressou mais tarde à sua cidade, trabalhando com livros e já politicamente empenhado na luta antifascista, no seio do Partido Socialista Unificado da Catalunha. Foi preso por motivos políticos em 1957 e obrigado a exilar-se novamente. Foi nesse período que produziu Os Plátanos de Barcelona, demonstrando a sua profunda ligação à Catalunha e a Espanha. Autor de uma vasta e multifacetada obra, de que se destaca particularmente a banda desenhada, faleceu em 2016.

Os Plátanos de Barcelona é o 12.º título da colecção Biblioteca Avante!. Brevemente será publicada A Mãe, de Maksim Gorki, neste ano em que se assinalam 150 anos do seu nascimento.

 



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