Há 100 anos a contar

Depois da calúnia de que o PCP estaria a colocar a sua saúde financeira à frente da saúde dos portugueses, surgiu há dias na imprensa uma nova variação: «o PCP porá sempre em primeiro lugar a sua própria saúde política», escreveu uma responsável de um dos principais jornais diários nacionais. Isto, entenda-se, num texto em que explica que aprovar o próximo Orçamento do Estado é questão de «consciência» e que se trata de «salvar o País».

É por este quadro de dramatização e apelos à salvação nacional, vindos de São Bento e Belém, que o aparelho mediático tem alinhado. Não se trata só de servir de caixa de ressonância acrítica de quem, como o Presidente da República, invoca uma tal excepcionalidade em que a própria diferença de opinião e as posições diferentes das do Governo seriam crime lesa pátria. O que vamos vendo é, tal como aconteceu com a campanha do fique em casa e a defesa da limitação de direitos no Estado de Emergência, a elevação destas teses a orientação editorial.

Nos últimos dias foram muitas as vozes que, na comunicação social, se pretenderam substituir à do PCP no que diz respeito à sua decisão sobre o Orçamento. Ao exemplo dado, podemos juntar outros: do director de informação de um dos principais grupos do sector, que também lança a ideia de que o PCP já não conta num artigo que assina num dos jornais sob a sua alçada; dias depois, a ideia é retomada por outro responsável editorial do mesmo grupo, agora na televisão, numa entrevista a uma dirigente de outro partido; num semanário, a posição do PCP é caracterizada num título como «PCP ignora aviso de Marcelo e faz finca-pé no Orçamento»; as sondagens também não falharam, com um jornal a publicar uma em que as resposta possíveis às perguntas colocadas já antecipavam uma eventual exclusão do PCP, com um aviso de que o «País não quer crise política por causa do Orçamento».

Mais uma vez, os desejos e expectativas dos interesses que controlam a comunicação social são elevados a linha editorial. Como desejam que o PCP não conte, criam uma história em que o PCP não contaria, mesmo que não bata certo com a realidade – e assim abrem caminho a novas e redobradas discriminações e silenciamentos. Não por acaso, enquanto outras candidaturas vão recebendo atenções mediáticas com generosidade, o mesmo não se pode dizer da de João Ferreira. Aliás, o que é digno de registo é que quando aconteceu, numa entrevista recente, aproveitam o palco para o ataque intempestivo, com recurso ao mais agressivo, empoeirado e primário anticomunismo.

Os quase cem anos de história do PCP falam por si e mostram como o Partido contou na luta contra o fascismo, na Revolução de Abril, na resistência aos ataques a direitos e salários, e, mais recentemente, na derrota do governo de PSD/CDS e na recuperação e conquista de direitos e rendimentos. E continua a contar todos os dias, quer para garantir respostas e soluções para os problemas dos trabalhadores e para o desenvolvimento do País, quer na luta contra a exploração e por uma terra sem amos.



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