França parada
A greve nacional realizada anteontem em França paralisou os transportes e a generalidade dos sectores. No próximo sábado, os trabalhadores voltam a sair à rua.
Quarta jornada desde Setembro contra governo de Sarkozy
A terceira greve nacional desde o início de Setembro, a que há a acrescentar um sábado de manifestações, constitui um novo passo do movimento de contestação ao projecto de aumento da idade da reforma e redução de direitos, já aprovado pela maioria de direita nas duas câmaras do parlamento francês.
Na terça-feira, 12, os dois aeroportos de Paris estavam parcialmente paralisados, tendo sido cancelados pelos menos um terço dos voos no Charles de Gaulle e metade no de Orly.
A rede ferroviária parou quase completamente desde as zero horas, o mesmo acontecendo nos transportes urbanos, o que provocou enormes congestionamentos no trânsito. Escolas e serviços públicos encerraram, enquanto em várias empresas e edifícios públicos, os piquetes de greve procederam a cortes de electricidade.
A jornada de greve foi ainda acompanhada por gigantescos protestos nas ruas, convocados pela CGT em mais de 240 cidades.
Luta endurece
Entretanto, em alguns sectores, os trabalhadores declararam greves por tempo indeterminado. É o caso dos ferroviários, onde esta decisão foi apoiada por sete federações sindicais (CGT, Unsa, Sud-Rail et CFDT-Fgaac, FO, CFTC, CFE-CGC).
Este endurecimento da luta, que poderá estender-se a outras empresas e sectores nos próximos dias, designadamente na energia, é apoiado por uma ampla maioria dos franceses, segundo apontam várias sondagens publicadas no início da semana.
O inquérito do Instituto CSA indica que 61 por cento dos franceses são «favoráveis» a greves por tempo indetermninado, dos quais 31 por cento «totalmente favoráveis». Ao mesmo tempo, a greve de terça-feira tinha o apoio de 69 por cento dos inquiridos, dos quais 34 por cento se declararam simpatizantes da direita. Apenas 16 por cento manifestou oposição à greve.
Refinarias à míngua
No Sul, em Marselha, os operários dos terminais petrolíferos Fos-sur-Mer e Lavéra, completaram na terça-feira o seu 15.º dia de greve consecutivo, juntando o protesto contra a alteração da idade de aposentação à contestação da reforma dos serviços portuários.
Esta paralisação está a bloquear o abastecimento do oleoduto que alimenta as quatro refinarias da região (Total em La Mède, Esso em Fos, LyondellBasel em Berre e Ineos em Lavéra), bem como as instalações de Feyzin em Lyon e de Reichstett na Alsácia. Estas unidades representam cerca de 40 por cento da capacidade de refinação de França. Cerca de meia centena de navios aguardam a possibilidade de descarregar o crude.