Regredir a olhos vistos
«Um retrocesso inaceitável», foi como o deputado comunista Jorge Machado definiu o aumento em meia hora do horário de trabalho previsto em diploma aprovado pelo Conselho de Ministros no dia 7.
Reagindo no próprio dia à medida governamental, em declarações aos jornalistas no Parlamento, o deputado do PCP mostrou-se convicto de que a mesma «em nada resolve os problemas do nosso País», lembrando a este propósito o facto de a Alemanha e a França, «que têm produtividades bem acima da nossa», terem «médias anuais de trabalho inferiores à portuguesa».
«O PCP considera que o caminho do nosso País deveria ser reduzir o horário de trabalho. Hoje, a riqueza criada por trabalhador permitiria que se reduzisse para as 35 horas semanais e o Governo faz precisamente o contrário», referiu Jorge Machado, não encontrando «qualquer tipo de justificação» nesta medida que a todos os títulos considera «inaceitável» e vê como «um gravíssimo ataque a um dos principais direitos dos trabalhadores portugueses».
Jorge Machado lembrou ainda que «as oito horas de trabalho foram conquistadas para os trabalhadores do comércio e indústria em 1919» e que «os trabalhadores agrícolas conquistaram as oito horas de trabalho por dia em plena ditadura fascista, em 1962».
Por isso esta imposição de mais meia hora de trabalho por dia, dez horas de trabalho por mês, só pode merecer o mais vivo repúdio da bancada do PCP, que assegurou lutar contra ela «com todas as armas» ao seu dispor.