Mexida nas regras do subsídio de desemprego

Mais injustiça e desprotecção

Baixaram à comissão as propostas do PCP de alteração ao decreto-lei que diminuiu os níveis de protecção no desemprego dos trabalhadores por conta de outrem. Foi esse o desfecho depois de aquele diploma ter sido objecto no dia 19 de apreciação parlamentar por iniciativa da bancada comunista.

Na base desta sua diligência, como explicou o deputado Jorge Machado, está a circunstância de a alteração do Governo às regras de atribuição do subsídio de desemprego, na linha do que fez o seu antecessor, «agravar ainda mais a já difícil situação dos trabalhadores desempregados».

O facto de apenas 350 mil trabalhadores receberem subsídio de desemprego (dados de Fevereiro passado), quando o número de desempregados ultrapassa já o milhão e 200 mil, mostra bem a real dimensão do problema e a insensibilidade social com que o Governo o encara..

Trata-se mesmo de um «crime social», não hesitou em afirmar Jorge Machado, acusando o Executivo de pretender com as alterações propostas – redução do subsídio em 10% quando o trabalhador atinge seis meses de desemprego, da redução do valor máximo de atribuição e diminuição do seu período de concessão – «criar as condições para baixar ainda mais os salários».

Ao facilitar os despedimentos (por via da alteração do código do trabalho) e ao mexer nas regras do subsídio de desemprego, o Governo visa ainda «aprofundar o gigantesco processo de substituição de trabalhadores com direitos por trabalhadores sem direitos», denunciou o deputado do PCP, lembrando que um trabalhador desempregado e sem subsídio de desemprego está mais vulnerável ao arbítrio e abusos das entidades patronais, sujeitando-se mais facilmente a «qualquer trabalho, seja qual for o salário, seja qual for o contrato de trabalho».

Foi esta realidade que o secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, Marco António Costa, ignorou no debate, desviando o olhar para as raras medidas de aparente sentido positivo – ainda que de alcance limitado – imputáveis ao seu Governo neste capítulo, como é a majoração dos prazos de atribuição em 10 por cento para os casais desempregados com filhos a cargo.

A provar como tudo isto é muito pouco, contrapôs Jorge Machado, está o facto de essa majoração apenas ser concedida ao casal de desempregados com filhos, durar só até final de 2012, e desaparecer logo que um dos dois deixe de ter acesso ao subsídio (probabilidade esta que aumenta face à redução dos prazos de atribuição).



Mais artigos de: Assembleia da República

Despedimentos a preço de saldo

Com indignação e repúdio é vista a intenção do Governo de reduzir para entre seis a dez dias por ano de trabalho as indemnizações por despedimento (depois de já ter baixado de 30 para 20 dias). Trata-se de mais um passo para aumentar a exploração dos trabalhadores e instituir a «lei da selva nas relações laborais», adverte o PCP.

O desfazer de sonhos e projectos

Milhares de jovens estão a ser forçados a abandonar o Ensino Superior. Insuficiência económica, dificuldades no acesso à bolsa de estudo e propinas incomportáveis são apontadas como a causa para esta sangria processada ao ritmo de 100 estudantes por dia.

Haja transparência e verdade

O PCP exige que o Governo dê conhecimento à AR do que se passa quanto ao grau de cumprimento dos contratos das contrapartidas militares. Um projecto de resolução da sua autoria visando tornar exequível esse objectivo foi já entregue no Parlamento. Nele se recomenda ao Governo,...

Crime de enriquecimento ilícito

A defesa da criação do crime de enriquecimento ilícito foi reiterada no Parlamento por várias forças políticas. A excepção foi o PS que, pela voz do deputado Jorge Lacão, continua a achar que esta é uma ideia que fere «grosseiramente a...