Homenagem a Ferreira Soares
A Comissão Concelhia do PCP de St.ª Maria da Feira e de Espinho promoveu, há dias, uma romagem à campa do resistente e militante comunista Ferreira Soares. Uma iniciativa que contou com a presença de dezenas de militantes e simpatizantes do PCP, que, desta forma, quiseram prestar uma homenagem ao camarada, intelectual e médico solidário para com a população de Nogueira da Regedoura e Terras da Feira, que, com a sua abnegada dedicação, nunca deixou de ajudar gratuitamente a humilde população que o procurava para cuidados médicos.
Luís Quintinho, da Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP, na sua intervenção, lembrou Ferreira Soares como destacado quadro do PCP, membro do Comité Regional do Douro, que se empenhou activamente na construção de uma frente unitária de opositores ao fascismo. Porém, recordou, a sua acção não passaria despercebida à Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE, antecessora da PIDE) que começou a vigiar e a apertar o cerco ao «indivíduo mais perigoso do Norte» (segundo o legionário Silva Leal).
Obrigado à clandestinidade, foi auxiliado pelo povo da sua região de residência, Nogueira da Regedoura, que lhe providenciou locais de abrigo, alimentação, sigilo e alertas à aproximação de gente suspeita. Esta situação manteve-se durante sete anos. A 4 de Julho de 1942 é-lhe armada a cilada final. Uma alegada doente, acompanhada pelos incógnitos inspector António Roquete e agentes Laranjeira e Coimbra, da PVDE, solicita-lhe uma consulta de urgência.
Apesar do risco conhecido, Ferreira Soares recebe-a na casa da sua irmã Laura Soares, envergando a sua bata de médico. São ceifados a rajada metralhadora e à queima-roupa os seus 39 anos de generosa vida. Chegou à Casa de Saúde em Espinho já cadáver, crivado com 14 covardes balas. Na rua o povo gritava: «Mataram o médico dos pobres!» Palavras ainda hoje ouvidas, como reconhecimento e respeito.
A romagem contou com a presença, entre muitos outros, do filho de Ferreira Soares, que proferiu palavras sentidas de agradecimento a todo o Colectivo do PCP, lembrando o contributo, com sacrifício, que o seu pai deu para a construção do regime democrático alcançado em Abril de 1974. Terminou a sua intervenção citando Jerónimo de Sousa, na última reunião do Comité Central do PCP: «A presente situação do País torna mais urgente e indispensável uma ruptura com o actual rumo da vida nacional e a concretização de uma política patriótica e de esquerda capaz de dar resposta aos problemas do País, vencer as dificuldades e assegurar o seu desenvolvimento».